Corpo do artigo
Foi o tema de uma conferência em boa hora organizada pela Lello. Com mais duas que se realizarão a 27 de fevereiro e a 24 de março, a livraria pretende pôr um conjunto diversificado de observadores e protagonistas da vida na cidade a discutir o seu presente e o seu futuro.
Deixo-vos o meu ponto de vista!
O ponto do Porto remete-nos para a identidade do Porto.
Mas identidade projetada do Porto corresponde a uma imagem que se consolidou no século XIX : o Porto, cidade do Norte, escura, grave, trabalhadora, contrária ao desperdício, burguesa e livre.
E no século XIX o Porto cresceu em população, tornou-se industrial e foi o centro da modernidade política.
Agora, o Porto já não se basta a si próprio. O ponto do Porto não pode ser o ponto final do "nós somos assim" mas antes a ponte de ligação ao Mundo, convidando e capturando quem passa para dentro de portas.
E quatro as pontes primordiais.
Primeira - o Norte. Com sentido de equilíbrio e procura de coordenação transversal, o Porto deve ter noção da sua capitalidade simbólica e peso negocial e não deve renegar o papel que naturalmente lhe compete no contexto do seu território metropolitano.
Segunda - a Universidade. Com mais de 30 mil estudantes, 14 faculdades, 600 cursos e mais de 4000 estudantes e investigadores estrangeiros, a Universidade do Porto, como cabeça do sistema científico e tecnológico regional, é um pilar mais sólido, sustentável e diferenciador.
Terceira - a comunidade desportiva. A notoriedade global do F. C. do Porto e a estratégia de afirmação que desde sempre desenvolveu, ligada à qualidade e ao respeito pelo território onde se insere, têm um poder de convocatória cuja desvalorização corresponde ao desperdício que o Porto tanto detesta.
Quarta - e talvez o mais visível: o turismo. É sem dúvida a ponte mais atravessada. Gera rendimento, emprego, investimento público e, sobretudo, altera o nosso perfil sisudo. Hoje sentimo-nos todos mais novos, mais cosmopolitas e mais ligados.
Mas insistir demasiado nesta ponte pode levar-nos a um novo desastre da Ponte das Barcas. A história diz-nos que não devemos concentrar-nos todos, sofregamente, no mesmo sítio.
Diversificar, construir uma rede de cogovernação e alimentar sistematicamente a comunicação da cidade com todos os setores envolvidos e com todos os seus protagonistas é o que coletiva e politicamente se impõe. Do ponto, às pontes!
* ANALISTA FINANCEIRA