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A ideia é bastante pertinente. Tendo em conta que mais de dez por cento dos CEO da “Fortune 500” (maiores empresas dos EUA com base na receita total) são de origem indiana, apesar de a respetiva comunidade representar cerca de um por cento da população dos EUA, a revista “Newsweek” quis perceber o que diferencia esses líderes. A resposta é esta: experiência de adaptação intensa, formação técnica rigorosa, capacidade de tomar decisões rápidas e forte resiliência, humildade e competência intercultural. Na Europa, há uma liderança política também em emergência.
O texto que esta semana faz capa da “Newsweek” não se constrói com base em fontes de informação a quem se pede uma explicação sobre determinado assunto. Para fundamentar em dados a análise das lideranças das grandes empresas, a revista norte-americana estabeleceu uma parceria com uma consultora global (ghSMART) que avaliou 300 mil CEO e executivos de topo em diversos setores e regiões. Assim, o que obtiveram baseia-se numa investigação criteriosa e sistemática daquilo que é hoje a realidade norte-americana, um país que quer expulsar imigrantes, mas tem nos indianos um grupo fortemente representado na condução das suas maiores empresas. Nomes como Satya Nadella (Microsoft), Sundar Pichai (Alphabet/Google), Arvind Krishna (IBM), Indra Nooyi (PepsiCo) ou Ajay Banga (Banco Mundial) ilustram essa presença de peso. O que os distingue é mais do que um currículo, ainda que uma formação sólida tenha sido uma preocupação. É, acima de tudo, um modo de trabalhar e de perceber contextos, bem como a capacidade de tomar decisões com impacto global.
A partir dos EUA, outra revista, a “Time”, lança um olhar sobre uma liderança específica, a da primeira-ministra italiana. A sua ascensão tem confundido os críticos. Segundo se escreve, “quem esperava uma revolucionária incendiária encontrou uma conservadora pragmática”. No plano internacional, abraçou a União Europeia, a NATO e a causa ucraniana, procurando ainda mediar a relação tensa entre EUA e a União Europeia. Dentro de portas, retomou agenda da extrema-direita: reprimiu os média, procurou controlar o poder judicial e impôs um forte travão à imigração. E nessa quadratura do círculo, foi conquistando diferentes líderes internacionais. E votantes no seu país.
Dos escritórios envidraçados das grandes empresas norte-americanas ao capitólio europeu, emerge assim um novo arquétipo do poder: menos convencional, mais resiliente e mais moldado pela diversidade e complexidade do Mundo. Sejam CEO de ascendência indiana ou Giorgia Meloni, todos se encontram na estruturação de uma nova ordem: inesperada, multifacetada e, muitas vezes, desconcertante.