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Está aí a famosa "bazuca" com a qual o Governo promete resolver todos os nossos problemas. Para o Porto, e apenas em matéria de transportes, estão garantidos 1,3 mil milhões de euros para a expansão do metro e para o metrobus. Mais duas novas linhas de comboio de alta velocidade: uma para nos ligar a Vigo, outra em direção a Lisboa. Não é sequer preciso recorrer ao ditado da esmola e do pobre que desconfia para não entrarmos em euforia.
Em matéria de investimentos públicos no Norte, por cada 20 anúncios costuma haver meia concretização. Pelo que temos como primeira obrigação exigir que o plano seja integralmente executado e que, ao contrário do que reza a tradição centralista, não haja desvios nem atrasos. A nível local, devemos estabelecer um sólido denominador comum em torno dos projetos que avançam. Em termos políticos, económicos e sociais qualquer excesso de divergência servirá de pretexto para que as obras não se façam. Convém que os autarcas estejam bem atentos aos sinais de responsabilidade que dão e aos consensos que estabelecermos enquanto região.
Depois, no caso do Porto, temos que tomar opções em função dos últimos estudos efetuados. Na Associação Comercial do Porto desde sempre defendemos a construção da Linha do Campo Alegre (pelo menos até à Praça do Império), servindo importantes núcleos habitacionais e polos de educação e de serviços. O estudo relevado pelo JN há uma semana vem comprovar isso mesmo: trata-se da linha com maior procura a seguir à segunda ligação a Gaia. Por outro lado, até em termos urbanísticos, o Campo Alegre não é compatível com soluções "económicas" como o metrobus preconizado para traçados cujo canal já se encontra disponível, como é o caso da Trofa. Uma linha de metrobus no Porto poderá por exemplo servir para, em articulação com a Câmara, aproveitar o eixo central da Avenida da Boavista e viabilizar uma segunda ligação à zona Ocidental. As balas da bazuca parecem muitas. Saibamos o que fazer com elas e evitemos dar tiros ao lado.
*Empresário e Pres. Ass. Comercial do Porto