O custo anual para os cofres do Estado da reprovação de alunos nos ensinos Básico e Secundário está estimado em 250 milhões de euros. Dá que pensar a frieza destes números, resultante das conclusões do "Atlas da Educação" elaborado pela Associação EPIS (Empresários pela Inclusão Social) e o centro de estudos da Universidade Nova de Lisboa....
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Precipitada, uma primeira análise tenderá a fazer a apologia do facilitismo no sistema escolar para evitar despesa. O país vive uma fase na qual todas as tendências apontam para os cortes - cegos, muito cegos...-, sem se cuidar das consequências por estas ficarem para gerações futuras. Ponderado, o estudo não aponta no entanto para o combate economicista, puro e simples, antes preconiza uma mais cuidada malha fina de critérios de acompanhamento - definindo-a como aposta na intervenção precoce e descentralização de estratégias.
Ficamos então todos mais descansados.
Para uma parte significativa da comunidade, envolvendo demasiados professores, pais e encarregados de educação, os critérios de exigência causam demasiado formigueiro cerebral; são apologistas da simplificação de processos de ensino e de avaliação, não se importando de estar a pugnar pela formatação de uma sociedade pouco apetrechada de conhecimentos. Ora, o "Atlas da Educação" dá-lhes um raspanete, chamemos-lhe assim, ao considerar que "a solução não passará por proibir a detenção ou de a iludir pela busca do sucesso a qualquer custo, mas antes por preveni-la". Palavras sábias......
David Justino, o presidente do Conselho Nacional de Educação, resume o conceito global para maior rentabilidade do sistema: fazer melhor com os mesmos meios.
Como assim? Eis o ponto.
O sistema de Ensino em Portugal está há muitos anos enxameado de interesses corporativos (os paizinhos entram nesta categoria, por paradoxal que pareça); vive numa permanente flutuação de políticas e de programas, e a descentralização não é propriamente uma das qualidades reconhecidas a um mastodôntico Ministério da Educação.
Um sistema de Ensino refém de egoísmos espúrios não pode permitir-nos augurar nada de muito positivo no futuro.
Vale a pena, pois, refletir e tentar levar à prática um naipe significativo dos aconselhamentos contidos no "Atlas da Educação" - plasmados nas edições do JN de ontem e de hoje -, mas recusando, insiste-se, a tendência genérica para considerar como um balancete de merceeiro tudo quanto mexe por estes dias no país.