<p>A ideia de um "pacto de regime" para salvar o Estado, ou a própria pele, não é nova na actual república. Em 1974-75, o Movimento das Forças Armadas (MFA) e os partidos celebraram um acordo onde todos se comprometiam à "via para o socialismo". Quando o país se aproximou da bancarrota, e o FMI impôs condições draconianas, a dramatização foi antecedida de um governo de "salvação nacional", entre o PS e o CDS, opostos aparentes.</p>
Corpo do artigo
Claro que o breve governo de "Bloco Central", entre PS e PPD, era também um "pacto de regime" entre dois partidos com projectos semelhantes, de famílias distintas, na altura ambos fracos. A seguir veio Cavaco e traçou um caminho de dez anos.
Acabaram aí as "ententes cordiales" entre fiéis inimigos. No Conselho Permanente de Concertação Social ainda se foi tentando a paz entre patrões e sindicatos, e nas revisões constitucionais, pelo menos desde 1982, a exigência de maioria qualificada levou sempre à ressurreição do "Bloco Central", por vezes com o CDS a entrar na arena dos decisores. Mas os tempos foram, a partir de 1985, de cavaleiros sozinhos. Ou, na actualização socrática, onde cada cavaleiro desmonta e pedala a sua bicicleta.
O actual "Pacto" é mais uma foto de família. O primeiro-ministro quer mostrar ao Mundo que os portugueses que votam em partidos estão, na sua maioria, unidos. Contra quem? Contra os vilões exteriores. E quem são estes? Os "especuladores" que ameaçam não só o pobre Portugal, mas toda a Europa, e o seu produto, a moeda única.
As medidas que o PS propôs ao PSD são, largamente, de senso comum. Já estavam prenunciadas. Preparava-se a entrada em vigor. E, diga-se em abono da verdade, nasceram da pressão histórica do CDS-PP, que sempre advogou algo comezinho: a moralização dos subsídios sociais, a sua disciplina e fiscalização.
No fundo, por cada português que recebe um fundo de desemprego sem precisar, ou sem se esforçar pelo trabalho, haverá outro que, procurando ocupação todos os dias, e não tendo meios, ficará sem ajuda, no futuro próximo, se este for a da negra bancarrota.
São boas pré-medidas. Falta agora falar a sério sobre a reforma do Estado inútil. A supressão, no sector público, do que se alimenta de nós, sem nada dar.
A começar por certa "classe política" avençada, que deve desaparecer, a bem da Nação.
Quando for anunciada essa revolução, espera-se que Passos compareça.