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Ninguém sabe qual será ao certo o efeito eleitoral que o atentado sofrido por Donald Trump terá na sua tentativa de regressar à Casa Branca. Uma coisa é certa: historicamente, líderes políticos vítimas de violência beneficiam desses atos, tornando-se mártires. Os manifestos problemas cognitivos de Joe Biden são, agora, apenas um “extra” oferecido de bandeja aos republicanos.
No contexto da luta partidária norte-americana, não deixa de ser interessante ver como comentadores e responsáveis políticos dos dois lados da barricada trocam agora acusações a propósito do atentado. Há mesmo quem diga que tudo não passou de uma encenação. “Aposto que ele está a planear o equivalente americano do incêndio do Reichstag para justificar a violência contra a Esquerda”, escreveu, há uma semana, Bruce Bartlett, um republicano que passou a ser um dos mais ferozes críticos de Trump. Depois do atentado, não hesitou em relembrá-lo: “Parece que acabamos de ter o nosso incêndio no Reichstag”. O incidente na sede do Parlamento alemão, em 1933, foi um evento catalisador que permitiu a Adolf Hitler consolidar o seu poder na Alemanha. Usando o incidente como pretexto, os nazis eliminaram a oposição política e estabeleceram as bases para um Estado totalitário.
Do lado dos republicanos indefetíveis há, a partir de agora, argumentos de peso. Reconhecendo que as suas gafes equivalem a dar o flanco ao adversário, Biden tem repetido que o candidato republicano é um criminoso de tendências totalitárias. “A premissa central da campanha de Biden é que o presidente Donald Trump é um fascista autoritário que deve ser parado a todo custo”, escreveu o senador JD Vance, que está na lista de candidatos a vice-presidente. “Essa retórica levou diretamente à tentativa de assassinato de Trump”, acrescentou.