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O relatório preliminar da comissão de inquérito parlamentar (CPI) sobre a TAP é uma vergonha. A relatora, uma comissária anódina do PS, produziu uma inocuidade destinada a “lavar” o seu partido e o seu Governo. Nenhum deputado, no seu perfeito juízo e com um módico de decência na cara, pode aprovar aquela coisa. Como referiu Miguel Relvas numa televisão, já não se trata apenas de uma indecência governamental que a comissão de inquérito averiguava. Agora, depois de uma papeleta daquele jaez, passa a ser a própria Assembleia da República que fica em causa. Mais vale aos restantes partidos apresentarem, cada um, o seu próprio relatório, sugeriu, e bem, Relvas para salvaguardar um mínimo da dignidade já tão escassa do regime. Lembro que é a empresa pública na qual, por intermédio dos três governos de Costa, se meteu mais dinheiro dos contribuintes. Lembro que é a empresa pública onde a estupidez e a cegueira ideológicas mais “investiram” para, anos volvidos, chegarem à extraordinária conclusão que o melhor é reprivatizá-la. Lembro que é a empresa pública que foi gerida politicamente com os pés, nestes anos de pastorícia socialista, com a cumplicidade inicial do PC e do Bloco. Lembro que é a empresa pública cuja tutela técnica e financeira, as políticas, tratava de milhões e da gestão por mensagens de telemóvel. Lembro que é a empresa pública na qual Costa apostou duas das suas mais improváveis luminárias partidárias. A primeira, o novo D. Sebastião do partido, o sr. Pedro Nuno, e a segunda o sr. Galamba, o ministro morto-vivo que Costa abunda em exibir por todo o lado para termos a certeza de que ele é efectivamente “dono” dele, mesmo nulo e afantochado. Lembro que é a empresa pública que levou uma mão cheia de governantes e ex-governantes ao Parlamento para fazerem das figuras mais tristes de que há memória neste regime democrático. Só possível porque nenhum deles é intrinsecamente um homem moral antes de ser um político de facção. Lembro que é a empresa pública que, por causa deles e com o nosso dinheiro, vai acabar por ter de pagar uma choruda indemnização à gestora que despediram e para cima da qual varreram o lixo que eles próprios deixaram acumular. Nem o nabo da Cultura se privou e chamou aos deputados da CPI “procuradores de cinema americano de série B”. A natureza totalitária do Governo de António Costa está mais do que comprovada, até, pela estupidez crónica de alguns dos seus membros e ex-membros. Diz que não faz análise política. Mas devia. E de carácteres.
O autor escreve segundo a antiga ortografia