Os nossos dias evoluem marcados por uma perigosa tendência para julgamentos sumários, fomentados pelo gatilho rápido das redes sociais e dos diretos da Comunicação Social, pelo que são dispensáveis precipitações na análise a deputados acabados de entrar no Parlamento, sobretudo àqueles que integram partidos estreantes na Assembleia da República.
Corpo do artigo
Mas situações há em que o óbvio fica tão claro que se torna impossível não tentar, vá lá, ajudar. E a deputada Joacine Katar Moreira, visivelmente inadaptada à nova realidade que as últimas eleições legislativas lhe proporcionaram, precisa de ser mais bem aconselhada na hora de enfrentar as questões dos jornalistas, ainda que não queira responder.
A deputada do Livre pode gerir o silêncio, mas é ridículo e dispensável recorrer às autoridades para fugir às perguntas dentro da casa da democracia. Só que aconteceu mesmo. E a GNR, ao arrepio das práticas habituais da Assembleia da República, lá colocou Joacine Katar Moreira a salvo da perigosa Comunicação Social portuguesa. Tudo por uma questão de "respeito", disse a parlamentar, que parece não conhecer bem o significado da palavra e o papel de quem tem o dever de informar.
Se alguém revela problemas em respeitar é mesmo Joacine Katar Moreira. Desde logo, de respeitar os eleitores e o seu próprio partido. Primeiro, porque resolveu ignorar as posições do Livre e abster-se na votação de uma proposta que condenava nova ofensiva israelita sobre Gaza. Pior ou ainda, outra vez faltando ao respeito, agora aos que nela votaram, falhou o prazo de entrega da proposta para a lei da nacionalidade, tão querida do partido e da própria deputada. Suspeito que muitos dos que lhe confiaram o voto, e até alguns companheiros do Livre, já não se reveem nesta eleita. Se pudessem, talvez até chamassem a GNR para a mandar para casa. Felizmente, o respeito pela democracia há de mantê-la no Parlamento por quatro anos.
*Editor-executivo