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Tenho más notícias: o Serviço Nacional de Saúde vai morrer. Não sei se em dois, dez ou vinte anos, mas o caminho já está a ser feito e, no final da estrada, perceberemos que só existe um abismo. O movimento não será linear, o SNS estrebuchará, assim como o que resta de uma ideia de Esquerda, mas no final das contas, por imperativo da ordem do Mundo, a Saúde deixará de ser para todos. A população envelhecerá e mais pessoas precisarão de cuidados, o que levará à necessidade de mais despesa, de mais médicos, de mais dramas... até ao dia em que as notícias deixarão de ser notícia por tão vergonhosamente banais. Irei para a rua manifestar-me - eu que nunca o faço, mas... a eutanásia será legalizada num futuro pouco longínquo. Primeiro, por bons motivos. Depois, alargar-se-á aos doentes indigentes, muito pobres ou muito velhos. Aliviaremos o sofrimento dos que não podem pagar os tratamentos. A opinião pública será preparada para aceitar que o Estado não pode fazer mais, que o dinheiro é limitado, que chegamos a um ponto limite em que teremos de zelar pelos mais fortes, pelos que podem pagar ou produzir riqueza, os que estão em idade ativa, as crianças. Chegará o dia em que assinaremos um compromisso de honra em como, a partir de uma idade estabelecida, se não tivermos meios, teremos a obrigação de ser responsáveis e sérios em nome do país que amamos. Não estou a ser pessimista. Pode demorar mais um pouco, pode nunca ser anunciado, mas o carro está em andamento numa estrada sem caminho de volta.

