O talento decide o futuro
Portugal fala muito de economia, mas ainda fala pouco das pessoas que a constroem. E hoje, num Mundo onde o capital é móvel e a tecnologia é acessível, o verdadeiro diferencial competitivo passou a ser o talento. Quem o atrai cresce. Quem o perde estagna. E Portugal continua a tratar esta questão como um detalhe, quando na verdade é, ou deveria ser, uma estratégia nacional.
O nosso país forma bem, mas continua a não transformar esse talento em motor de crescimento. As empresas lutam para recrutar perfis qualificados, a produtividade mantém-se baixa e a economia não ganha a escala necessária para competir. Por sistema, passamos demasiado tempo a discutir salários, impostos ou burocracia sem perceber que tudo isso converge num ponto maior: o talento é hoje a matéria-prima mais crítica da economia.
As empresas que crescem são as que conseguem mobilizar competências avançadas, integrar tecnologia e atrair pessoas que querem construir futuro. E os países que prosperam são os que criam condições para que esse talento permaneça e se desenvolva. Em simultâneo, a atratividade não se trata apenas de remuneração, mas sim de perspetiva, de ambiente, de ambição coletiva.
Portugal precisa de uma estratégia para o talento que una empresas, universidades e Estado. É essencial reforçar a ligação entre formação e mercado, modernizar a regulação laboral, apostar seriamente na formação contínua e criar ambientes empresariais que desafiem e motivem. Ao mesmo tempo que precisamos, também, de encarar a imigração qualificada como parte da solução, não como tabu. Todos os países que cresceram depressa concretizaram esse crescimento com talento vindo de dentro e de fora.
Mais do que isso, o país deve cultivar uma cultura de ambição, pois o talento fica onde sente que pode crescer, inovar e assumir responsabilidade. Fica onde encontra empresas que apostam em tecnologia, em processos modernos, em progressão real. E fica onde encontra um Estado que facilita, que confia e que não impõe barreiras desnecessárias.
No final, a equação é simples: sem talento, não há produtividade; sem produtividade, não há salários; sem salários, não há futuro. Em Portugal, temos condições únicas para ser um país de oportunidades, mas é urgente colocar as pessoas, e as suas competências, no centro da estratégia económica.
O talento decide o futuro. A questão é se queremos que esse futuro aconteça aqui.

