Jorge Bergoglio cumpriu ontem 78 anos. Houve festa. Dançou-se o tango, na Praça de S. Pedro. Um dia normal, disse a quem, um pouco por todo o Mundo, o quis felicitar. Jorge é Francisco: o Papa que permitiu, a muitos de nós, o reencontro com a primitivo cristianismo.
Um dia normal, quis fazer notar. Não foi, de todo. O Papa Francisco devolve o sentido da festa à celebração. Seria impensável, quase heresia, noutros pontificados, ver e ouvir o sensualíssimo tango no Vaticano. Pouco provável, de igual modo, a imagem de sem-abrigo a tomar o pequeno-almoço, à mesma mesa do Sumo Pontífice.
Não sejamos ingénuos. Toda esta generosidade festiva, por certo, foi analisada e avaliada. Valia a pena fazê-la? Vale a pena, com certeza. Francisco é exímio comunicador. À pergunta se a Igreja mudou, efetivamente, neste pontificado, respondo "não". Porque a Igreja não é o Papa, são as pessoas. Ele está a cumprir, e bem, o seu papel. Dá sinais de que a Igreja tem que mudar, e do Vaticano não surgirá entrave à mudança.
O Papa Francisco não se fica pelos sinais de transformação na Igreja, ele está empenhado em mudar o Mundo. O reatar de relações entre os Estados Unidos e Cuba, um momento que ficará para a história, teve a intervenção fundamental, soube-se ontem, de Francisco. Foi ele que aproximou Barak Obama e Raúl Castro. As negociações, marcadas pela discrição, estenderam-se ao longo de 18 meses. A reunião final, todavia, decorreu no Vaticano - de acordo com o "Washington Post" -, com os presidentes de Cuba e dos Estados Unidos a falar por telefone. Bela prenda de aniversário. Os Estados Unidos e Cuba põem fim a décadas de hostilidade. Admitem reatar relações diplomáticas, com abertura de embaixadas nos respetivos países.
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