Hoje é dia de Natal, no qual, no mundo católico, celebramos o nascimento do Menino Jesus. O tempo é de troca de presentes e de lembranças entre amigos e familiares. Aproveitamos para ver ou estar com muitos dos nossos familiares ou amigos que estão mais longe de nós.O Natal tem, assim, um lado comercial que, cada vez mais, vai ganhando terreno ao Natal religioso.
Neste enquadramento, o balanço salienta logo um ano com muitas eleições e com o domínio do centro-direita nos mais importantes lugares da hierarquia do Estado.
O momento implica sempre alguma reflexão. Como habitual, vai-se falar dos sem-abrigo e daqueles que não têm família. Enquanto provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, compreendo muito bem esta lembrança nesta quadra. Compreendo porque, ao longo do ano, enfrentamos esta guerra no combate à pobreza. Sim, o combate à pobreza não abrange só estes cidadãos, também toca a pobreza infantil e a solidão dos idosos.
As manifestações de piedade ou uma lembrança solidária serão recorrentes. Contudo, exigem de todos nós uma outra reflexão mais profunda e ética.
Paz na Terra aos homens de boa vontade é o apelo bíblico que costumamos ouvir nesta altura, que tem muito significado nos dias de hoje.
Se, no plano interno, temos sempre a lembrança da necessidade de reduzir a pobreza e eliminar as desigualdades, no plano internacional a ideia de paz ganha particular realce na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Teremos o habitual apelo papal neste dia de Natal, bem como a habitual mensagem do secretário-geral da ONU. Ambos sabem que este seu esforço será muito reduzido no seu impacto, porque quem decide é o eixo Washington-Moscovo-Pequim. Face a este eixo, a União Europeia continua à procura do seu posicionamento no tabuleiro de uma nova ordem mundial que se está a construir.
Todos sabemos que o aumento das desigualdades conduziu a um discurso populista que se assume como muito perigoso e errático conforme as democracias que atinge.
O populismo alimenta-se daquilo que aparentemente pode enfraquecer o normal funcionamento das instituições do Estado de direito democrático.
Por isso, 2025 foi ano onde também a justiça não conseguiu fugir à armadilha do sensacionalismo. Certo é que a procuradoria-geral da República conseguiu mandar a tempo a prenda natalícia a Luís Montenegro.
Quando nos aproximamos do momento de celebrar o Natal, fazemos uma pausa na pré-campanha das presidenciais. Irá recomeçar, em janeiro, em força. Cerca de catorze candidatos apresentam-se perante os portugueses. Uns sabem o que querem. Outros nem por isso.
Os portugueses estão a celebrar o Natal como um tempo de paz. Os problemas esses irão voltar após o Ano Novo.
Vamos então ao bolo-rei e celebrar o Natal. Boas festas.

