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Midas era um personagem da mitologia grega, capaz de transformar em ouro tudo o que tocava. António Costa é um político português, escolhido secretário-geral do PS pela capacidade de transformar, com a simples aparição, disputas em vitórias, para terror dos seus adversários políticos.
Na Madeira teve a primeira prova de fogo. E quis assegurar que nas eleições regionais o partido saberia ser tributário de toda a credibilidade, rodeando-se, obviamente, dos melhores. Nem outra coisa faria sentido.
Depois de justificada ponderação, escolheu como se sabe. Os camaradas de percurso do PS foram os representantes do PTP de José Manuel Coelho - o mesmo que se apresentou na Assembleia Regional em 2008 com uma bandeira nazi na mão e várias vezes com um enorme relógio de parede ao pescoço - do MPT e do PAN.
António Costa, registe-se, deu a cara pela vitória. Foi ao arquipélago e logo no primeiro dia de campanha garantiu que "(...) as pessoas compreendem que a necessidade de mudança que se sente na Madeira é uma necessidade de mudança que se sente em todo o país". Tal e qual.
Só que depois, foi como se viu. O PSD alcançou 44,33% dos votos. O CDS, segunda força política mais votada com 13,69%, manteve o estatuto de partido liderante da Oposição. E o PS, com a sua coligação Mudança, ficou-se pelos 11,41%.
Equivale a dizer que se na Madeira se sentia necessidade de mudança, não se notou. Pelo menos muito.
Victor Freitas demitiu-se da liderança do PS regional. E António Costa tratou de deixar claro que não teve nada que ver com o desaire eleitoral, explicando pedagogicamente que "as eleições regionais são eleições regionais".
Compreende-se. Em política, tudo é questão de perspetiva.
Não fosse assim e ocorreria lembrar que eleições europeias, também são eleições europeias.
Sendo que quando em maio de 2014, o PS liderado por António José Seguro as venceu com 31,46% dos votos, António Costa viu nisso pouco e mostrou ao secretário-geral a porta de saída, dizendo não se conformar "com vitórias pequeninas".
Talvez conviesse então explicar como se dá agora com derrotas gigantescas. É que se o Funchal dista de Lisboa 972,63 quilómetros, Bruxelas está a 2036,2 quilómetros de caminho.