Aterrando em BH nos tempos em que o Galo grita como se tivesse de novo conhecido o gelo; e o Cruzeiro se agacha como se o futuro nunca mais chegasse; e o América, entregue ao seu costumeiro "aurea mediocritas", continua "nem aí", a gente percebe muita coisa?
Até parece que eu entendo de futebol, mas não é tanto assim. Dou um passo atrás e respiro fundo. Não esqueço o Galão da "massa" - o Atlético Mineiro - porque ele é do povo e é ao povo que é sempre preciso saber falar. Porque nem tudo o que luz é ouro e o deserto é fértil em fantasias e miragens.
Faz duas semanas, no Dubai, entrei no pavilhão do Brasil na Expo 2020 e percebi imediatamente que o Governo em Brasília já tinha entendido que o negócio da próxima década vai ser a mobilidade global do trabalho e do investimento. Mas também ficou claro que apenas Belo Horizonte tem a narrativa certa para essa boa ideia.
O pavilhão é agradável, os promotores simpáticos e o passaporte amarelo tem carimbo garantido, mas o pavilhão é apenas legal - como o de Portugal -, quando devia ser genial.
Percebe-se logo que não foi pensado pelo Turismo das Gerais.
Enquanto o distrito federal enumera destinos turísticos - atenções divididas entre Porto de Galinhas, Rio de Janeiro e Salvador da Bahia -, o estado de Guimarães Rosa, que não tem mar, em vez de levar uma praia, levou uma boa ideia.
À boleia do turismo federal, Minas promove a economia estadual. Mandou para as Arábias os seus melhores políticos e empresários com a missão de atrair investimento. Mostrando-se a face trabalhadora de um Brasil que se diverte.
É isso que a Milena Pedrosa, o João Braga, o Henrique Tavares e o Romeu Zema fazem - que o maior trem do Brasil seja o de Minas Gerais.
Especialista em Media Intelligence
