A introdução do VAR nas competições mais importantes do mundo do futebol profissional foi recheada de boas intenções, mas como todos sabemos de boas intenções está o Inferno cheio. Nem de propósito, esta semana parece que descemos ao Inferno por causa dele.
À data do anúncio desta nova realidade no futebol português, eu participava num programa de debate desportivo na então TVI 24. A partir desse “palco televisivo” chamado “Prolongamento”, devo ter sido um dos primeiros e uma das poucas pessoas que defenderam publicamente que o VAR ia trazer mais aspetos negativos do que positivos ao nosso futebol.
Infelizmente, tenho verificado ao longo do tempo que o que sempre pensei e defendi sobre este tema não era totalmente descabido. As polémicas que o VAR não conseguiu resolver, somadas às confusões que ele próprio engendrou ou suscitou, já são incontáveis, mas nada tão grave nem tão concentrado como os problemas gerados nestas primeiras quatro jornadas da época em curso.
Uma das razões que sempre me levaram a não confiar nesta solução do VAR para atingir aquilo que os seus defensores apelidavam de verdade desportiva é a mesma que está agora mais uma vez no centro das várias polémicas que agitam este início da prova maior do nosso futebol: a sua falibilidade derivada da sua subjetividade. Os defensores do VAR criaram a ideia errada na opinião pública de que com a sua entrada em ação acabariam os erros de arbitragem e não mais existiriam jogos com resultados influenciados por falhas dos homens do apito.
Como ainda se viu bem nas últimas jornadas, não só continuam a existir resultados adulterados por erros de arbitragem, como as discussões a esse propósito são mais fortes e violentas, porque existe a tal ideia errada de que existindo VAR não poderia haver lugar a erros. Com a agravante de que agora o número de potenciais erros subiu na proporção do aumento de árbitros alocados ao processo.
Como também dizia na altura, mais uma vez se confirma que há situações em que atirar dinheiro para cima do problema nem sempre é a melhor solução. E os custos da introdução do VAR já atingiram montantes muito significativos. Sem que a tal verdade desportiva seja hoje o sucesso prometido.
