As grandes crises financeiras começam sempre por pormenores insignificantes, por picuinhices. Nada a que as economias deem grande importância até se tornar um enorme problema. Uma pequena barata irrequieta que se transforma num verdadeiro exército.
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É o que se passa com a economia global. Está a sobrevalorizar o impacto do coronavírus de uma forma tão irrazoável que os mercados estão a responder de uma forma totalmente desproporcionada, ilógica e alarmista. Essa reação, por desmesurada que seja, tem de ser contida ou estaremos perante uma crise financeira de estrondo.
Vimos isso na semana passada e continuaremos a ver por estes dias. Algumas evoluções são até semelhantes à Grande Recessão norte-americana, como, por exemplo, a queda do preço do petróleo superior a 13,5% ou o afundanço das bolsas em mais de 10%. Pela primeira vez, podemos estar a assistir a uma crise económica global provocada por uma epidemia sanitária com impacto direto nos serviços, principalmente o turismo - do qual dependemos tanto - e da produção industrial, altamente dependente da Ásia. Nem a gripe das aves doeu tanto na economia. Pelo que, quando se acendem todas estas luzes vermelhas, seria ingénuo e estúpido ignorar o que aí vem. Mas não de uma forma irresponsável.
A grande crise bancária portuguesa começou com o BPN e BPP de João Rendeiro, em 2008, e vimos no que deu. Passados 12 anos, ainda estamos e estaremos a pagar por isso. As grandes crises económicas são sempre de natureza financeira, seja o boom das "dot.com" ou das hipotecas de "subprime". Chegam avassaladoras e com uma quebra de confiança, a principal argamassa de qualquer mercado financeiro. Daí que todos os países devam proceder de forma racional, sem alarmismos, ou estaremos perante uma bola de neve imparável. A melhor forma de isso acontecer é parar já o bicho.
Editor-executivo