O racismo manifesta-se de muitas formas e não apenas naquelas que se denunciam nas marchas e manifestações. Banir chineses de hotéis e lojas, enxovalhar uma cultura milenar muitas vezes por puro escárnio, diz muito mais de uns do que de outros.
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Mas já sabemos que defender chineses do racismo a que estamos a assistir é muito menos sexy e mediático do que defender alguém que é mandado para a sua terra.
Em França, o primeiro país europeu onde foi detetado o coronavírus, a comunidade asiática tem vindo a denunciar casos de racismo, o que deu origem à hashtag #JeNeSuisPasUnVirus.
A propósito da propagação da doença, um jornal regional francês, o "Courrier Picard", foi obrigado a pedir desculpa aos seus leitores após ter questionado, em primeira página, se "O perigo amarelo" tinha chegado ao país. A pergunta racista da publicação é, infelizmente, também o retrato dos comentários que se leem nas redes sociais sobre a higiene e a alimentação dos chineses. "O coronavírus não precisa de visto para entrar num país e não escolhe as suas vítimas pelo tamanho do nariz ou pelo formato dos olhos", escreve o jornalista chinês Dang Yuan, da "Deutsche Welle", num texto onde diz que a hora é de solidariedade com a China e não de racismo.
E por cá, o tempo também devia ser de menos indiferença perante a maior comunidade asiática presente em território português, que, com certeza, está mais apreensiva com tudo isto do que os portugueses. Uma palavra da secretária de Estado para a Integração e as Migrações ou do Alto Comissariado para as Migrações não ficava nada mal. O Canadá teve, aliás, esse cuidado ao alertar para a discriminação em relação a canadianos de origem chinesa. Pequenas ações, mas humanas, combatem mais a discriminação do que programas políticos ou legislações.
Infelizmente, não há máscara que disfarce esta onda anti-China que se propaga pelo Mundo mais depressa do que o vírus.