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O XXV Governo constitucional inovou, em algumas áreas, a sua orgânica perante o escândalo e surpresa de alguns comentadores. Com efeito, o primeiro-ministro apresentou um Governo remodelado, o que, diga-se desde já, fez todo o sentido e não seria de esperar outro modelo.
Três áreas mereceram uma grande avaliação da Comunicação Social. A primeira teve a ver com a junção da Economia e a Coesão Territorial. Parece ter sido fruto de dificuldades de última hora, mas faz todo o sentido numa altura que é preciso injetar na economia os fundos comunitários resultantes da aplicação do PRR.
A segunda teve a ver com a existência de um Ministério para a Reforma do Estado, esse objetivo mítico que já vem na agenda política desde o longínquo II Governo constitucional. O ministro apresenta ter competência técnica para desenvolver esta tarefa. A ver vamos se terá a força política necessária para responder à dúvida que reside no esforço que é necessário vir a realizar para obter resultados. O principal será mudar uma certa cultura de laxismo burocrático, que se instalou na nossa vida quotidiana, para justificar um elevado número de funcionários públicos, enquanto se insiste na digitalização da relação do cidadão com o Estado.
Finalmente, a junção entre a Cultura com o Desporto e a Juventude foi o maior bradar aos céus. Além de ser uma tendência europeia, evidencia uma nova dinâmica na relação entre três setores que desenvolvem conexões e sinergias muito próximas nas sociedades mais abertas. Falamos dos setores mais competitivos da nossa economia e cuja importância vamos sentindo todos os dias, como foi o caso da nossa vitória na recente final da Liga das Nações.
Habitualmente temos sempre grandes novidades nas orgânicas de Governo, contudo, nos últimos tempos, tem existido um certo conservadorismo na construção das orgânicas governamentais. Alterar essas orgânicas implica ideias concretas e arrojo em compreender que a sociedade está sempre em mudança.
Na Alemanha, costuma existir um Ministério do Futuro, que apresenta os objetivos da agenda do Governo. Mais recentemente, em alguns países europeus, começou a ser dada atenção ao problema do envelhecimento. Penso que teria sido interessante a existência de uma Secretaria de Estado para o envelhecimento, pois será um dos maiores problemas dos próximos tempos. A existência de uma nova Secretaria de Estado da Imigração mostrou atenção a um dos problemas mais complexos da nossa comunidade e que mais têm inflamado os discursos populistas.
A questão demográfica deveria merecer da parte do novo Governo uma outra atenção. Será por ali que iremos ter um dos maiores debates políticos na Europa.