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Parecia evidente, mas afinal não era. Não se cura um obeso cortando-lhe as mãos e os pés. Nem se lhe diz, com cara de pai zangado e severo, que a culpa é toda dele, enquanto se dá comida a outro. Mas foi isso que fez Passos Coelho durante a legislatura em que foi primeiro-ministro. Aumentou de forma escandalosa os impostos, cortou cegamente no Estado e foi até cruel. Enquanto tirou aos portugueses, transferia uma quantidade maciça de capital para os bancos, nacionais e estrangeiros. O Estado, porém, continua tão ou mais obeso do que era e a dívida, em nome da qual todos os sacrifícios foram feitos, aumentou. Eu, que numa fase mais difícil da minha vida, vivi meses em que tive de pagar mais de Segurança Social do que conseguia ganhar a recibos verdes, e ainda assim fiz questão de não ficar a dever um tostão ao Estado, sou particularmente sensível a este sistema que perpetua este sorvedouro do meu dinheiro. E por mais que me esforce e por muito que tenha analisado, não consigo descortinar como é que todas estas iniciativas do governo PS servem para finalmente começarmos, com responsabilidade, método e estratégia, a obrigar o Estado a ser mais barato para a classe média e menos favorável aos interesses que dela se servem. Seria ótimo que, de uma vez por todas, o país começasse a ser diferente. Governar é ser responsável no uso dos recursos de todos e não responsabilizar todos após uso indevido dos seus recursos.