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As Nações Unidas criaram em 2012 o Relatório Mundial da Felicidade. A iniciativa surge na sequência da crescente concentração da população mundial nos centros urbanos que, tendencialmente, é servida por melhores infraestruturas, equipamentos coletivos e melhores serviços públicos e onde as pessoas têm mais emprego e melhores remunerações.
Serão, contudo, estas condições suficientes para garantirem a felicidade das pessoas? A iniciativa das Nações Unidas tem mostrado que as pessoas mais felizes não vivem necessariamente nos países mais ricos, mas sim onde há confiança institucional, segurança, apoio social, liberdade, generosidade, dinâmicas multissetoriais e mais oportunidades.A felicidade deve ser um objetivo político concreto. Sabemos que o ambiente urbano molda profundamente o estado emocional das pessoas. Uma cidade viva, dinâmica e palpitante contagia as pessoas, entusiasma-as e convoca-as.
Cidades como Helsínquia, Copenhaga ou Zurique – frequentemente no topo do relatório – oferecem exemplos inspiradores, com espaços públicos e educação de qualidade, transportes eficientes, habitação acessível, uma sólida rede de relações sociais.
A verdade é que as cidades não são apenas lugares onde se vive e trabalha - são espaços de realização pessoal e familiar, espaços de crescimento e de concretização sonhos.
Acredito que o verdadeiro progresso se mede não apenas pela infraestrutura ou pelo crescimento económico, mas sobretudo pela qualidade de vida holística que proporciona aos seus cidadãos.
A dimensão material tem tanta importância como a dimensão imaterial. Os programas de apoio educativo, desportivo, cultural e social são tão importantes como as escolas, os recintos desportivos, os centros culturais e outras estruturas físicas. As condições para o lazer, para o descanso, para o divertimento são também elas decisivas para a qualidade de vida.
A felicidade deve ser uma prioridade estratégica para os autarcas. A felicidade urbana constrói-se com pequenas e grandes ações: com a criação de parques e zonas verdes, com a valorização da cultura local, com o apoio às famílias, aos jovens e aos idosos, com o incentivo à participação cívica e com políticas que promovam a inclusão, a igualdade e o bem-estar.
Cidades felizes são aquelas que colocam as pessoas no centro das suas decisões. Que promovem o acesso equitativo à educação, à saúde, à cultura, ao associativismo, ao lazer e ao espaço público. Que garantem segurança, mobilidade sustentável e oportunidades para todos. Que cultivam o sentido de pertença e de comunidade. E que respeitam o ambiente, promovendo a harmonia entre desenvolvimento e sustentabilidade.
Em Famalicão temos trabalhado para fazer da nossa terra um exemplo de desenvolvimento harmonioso. Projetos de regeneração urbana, investimentos na educação, na juventude, no desporto, programas de apoio à economia local e ao empreendedorismo, políticas de sustentabilidade ambiental, dinâmicas de apoio orientadas para a infância e para os seniores — tudo isto contribui para construir uma cidade onde vale a pena viver.
Governar uma cidade é desenvolver serviços, infraestruturas e equipamentos, mas é sobretudo cuidar das pessoas. É ouvir, envolver, dialogar. É criar condições para que cada cidadão se sinta realizado, valorizado e feliz.