Obrigado, Jamil Chade
Perdido entre os perdidos da Cracolândia, essa vergonha coletiva que ensombra a mais brilhante cidade do hemisfério sul, o padre Júlio Lancelotti é uma lição para todos nós. Uma lição. Não um exemplo. Porque aquilo que ele faz, pequenos mortais como nós não conseguem seguir.
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A "culpa" foi outra vez do jornalista Afonso Borges que consegue congregar à sua volta tantas causas justas que mais parece que vai viver três vidas. Seguidamente perguntei a Paulo Nascimento, cônsul-geral de Portugal em São Paulo, quem era o padre Júlio Lancelloti.
Ele disse-me que o tinha encontrado um dia, e que havia pedido para o conhecer - "ele vive literalmente no meio dos pobres, me parece um homem bom". Depois subscrevi a carta que o Jamil Chade enviou a Berit Reiss-Andersen, presidente do Comité Norueguês do Nobel, propondo o nome do padre Júlio para Nobel da Paz. E pedi em voz alta aos meus amigos que o fizessem também.
O Nobel da Paz é um dos mais fortes símbolos da bondade do Mundo e por isso seria justo que fosse entregue a quem (até talvez) busque a redenção entre aqueles que já nem sabem sequer que existe o "bem".
"Enquanto houver a pobreza, a paz seguirá sendo uma utopia. Enquanto houver a pobreza, a segurança não passa de uma ilusão. Enquanto ela não for erradicada, não há como falar em liberdade ou democracia plena".
"Em qualquer "sociedade racista, injusta, segregacionista e violenta, padre Júlio simboliza uma resposta de esperança".
Agradeço-te, Jamil, por nos recordares que alguém faz "o trabalho de resgatar a dignidade àqueles que perderam tudo, inclusive a sensação de que fazem parte da Humanidade".
*Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos