O futebol português viveu em 2020 provavelmente a sua mais gloriosa temporada de sempre, arriscou conseguir a época mais áurea de todos os tempos, tentou subir ao pico cimeiro do seu glorioso percurso: a paragem de três meses.
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Foi uma alegria curta - o "efémero paraíso" de António Ramos Rosa - a que dirigentes, jogadores, treinadores, comentadores, árbitros e claques ofereceram ao país.
A ausência de jogos foi a concretização de algumas das responsabilidade mais nobres que o desporto carrega: o escape saudável, a euforia coletiva projetada numa competição justa e serena. Durante o descanso, o país vibrou com a calma nos estádios e exultou com o silêncio televisivo.
Lamentavelmente, essa caminhada para a História foi interrompida pela Direção-geral de Saúde. Livres para jogar em campo, apedrejar autocarros e gritar na televisão, os protagonistas nacionais do jogo mais popular do Mundo arruinaram a possibilidade de serem registados no livro dos grandes feitos futebolísticos, aquele onde se escrevem as páginas sobre os heróis do desporto em que um jogo é apenas e só um jogo. Não é uma batalha suja, não é uma deprimente patologia que infeta tudo e todos.
*Jornalista