A "inovação" do Governo criou mais um anúncio do Observatório dos Alimentos. Mas o novo anúncio sobre o cabaz sem IVA descentrou o assunto.
Corpo do artigo
O Observatório para ser eficiente, na sua relação com padrões de consumo diário que impulsionam o sistema global de produção de alimentos, deve conduzir a políticas públicas de promoção de sistemas alimentares mais sustentáveis na produção agrícola, no processamento, na distribuição, no consumo ou no reaproveitamento dos alimentos. Sendo a alimentação o ponto de partida para a resolução de questões de saúde, ambientais e sociais, deveria também garantir um rótulo ambiental, social e de saúde isento do lóbi da indústria do leite e da carne. O direito do consumidor à informação deve implicar a transparência sobre como foi produzido, focando critérios ambientais, sociais e económicos, como as condições dos trabalhadores, os vários custos associados no processo e se o negócio é justo para todas as partes envolvidas. Por exemplo, um legume importado e de produção convencional à partida pode sair mais barato, mas traz consigo impactos ambientais incontornáveis (químicos de síntese e emissões de carbono causadas pelo transporte).
A anunciada lista de alimentos com IVA zero não foi imune aos habituais lóbis e ignora recomendações internacionais, como as da Escola de Saúde Pública de Harvard (que retirou o leite e derivados da pirâmide alimentar) e as da ONU e da OMS (que aconselhou a reduzir o consumo de carnes vermelhas como a de porco, por ser provavelmente cancerígena). De facto, o leite e a carne animal continuam a ser subsidiados pela Política Agrícola Comum, ao ponto de cada um de nós continuar a financiá-los em dois terços, mesmo que escolha não os consumir.
No fundo, as políticas de aposta na produção nacional (de proximidade) de base vegetal, de origem biológica ou similar, bem como de incentivo ao seu consumo, são políticas sociais, ambientais e justas. Mas isso exigiria uma visão de longo prazo e as decisões políticas parecem apenas preocupadas com prazos imediatistas, o que é um problema para cada um de nós, uma vez que o futuro se define no agora.
Dirigente do PAN
