É uma previsão, e fazer uma previsão, como lembrou Nils Bohr, "é muito difícil, especialmente se for sobre o futuro". Ainda assim vale a pena arriscar fazê-la porque este debate interessa nem que seja para falhar. E eu quero que falhe.
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É cada vez mais evidente que vêm por aí dias de mais censura, mais restrições, mais controlo sobre o que circula na Net. Pior ainda, a vigilância vai tornar-se ubíqua e todo-poderosa. O "quem não deve não teme" vai ser o novo mantra, a nova justificação, o novo comportamento. Vai acabar a neutralidade da Internet, fundamental no fluxo de informação e na inovação digital. A mega fusão entre a Time Warner e a AT&T é o primeiro passo para aumentar decisivamente a pressão para que termine. Essa e outras empresas vão querer recuperar a escassez em que basearam os seus impérios de comunicação, de produção e distribuição, posta em causa pela revolução binária. Há muitos na administração Trump que com eles concordam e outros que vão lucrar com isso. A coação sobre os reguladores vai subir para níveis sem precedentes.
Vão dizer-nos que é disto que precisamos. Vão explorar o medo, primeiro. Dividir-nos, depois. Usar a força, talvez. Mas vão de certeza envolver-nos num falso e suave abraço protetor, que como um amigo que afinal nos traiu, vai sufocar-nos, no fim.