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O Facebook e o Google estão sob intensa pressão porque, dizem os acusadores, são responsáveis pela disseminação de falsas notícias, em particular pela intensa torrente de propaganda, mentiras e distorções disfarçadas de notícias que se espalharam por todo o lado (leia-se redes sociais) durante as presidenciais nos EUA. De acordo com esta tese, que aliás tem merecido ampla discussão na Imprensa norte-americana, cabe ao Facebook e ao Google filtrar a informação mentirosa e impedir esses sites noticiosos de ganharem relevância, para limitar as possibilidades de o falso ser partilhado como verdade. Não lhes ocorreu, certamente, que saber o que é a verdade e quem a define é um dos assuntos mais debatidos desde o início dos tempos, problema que, de resto, está bastante longe de estar resolvido. Queremos mesmo entregar a decisão do que é ou não verdade a duas empresas tão poderosas? Estamos tão apáticos que já nem olhamos de onde vêm as notícias e somos agora incapazes de discernir sobre a credibilidade de quem as produz? Não é perigoso entregar a regulação do espaço público a entidades privadas e não independentes? Mas as pessoas não querem pensar, verificar e decidir. Preferem que se faça tudo por elas. O Big Brother acabou, foi afastado por incapacidade. Agora só um Grande Pai lhes serve.
*JORNALISTA