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As manifestações e as greves, desde que foram inventadas, pressupõem, entre outras coisas, aborrecer e perturbar o chamado "normal funcionamento" das coisas. Com isto não estou a valorizar nada, nem os movimentos sindicais, nem as reacções das suas supostas "vítimas". O que tem sido comum a estes exercícios é a presença de líderes políticos da esquerda à esquerda do PS, nomeadamente da frenética Catarina Martins e respectivos adjuntas e adjuntos. Ela, em geral, de megafone e rodeada pelos habituais microfones das televisões que atrai como uma abelha-mestra. Presumo que os do PC também compareçam, mas, desde a reforma de Jerónimo de Sousa, francamente não os conheço nem identifico. No caso dos professores, apareceu entretanto um sr. Pestana, que disputa a condução da "luta" ao vetusto Mário Nogueira, à frente de um sindicato denominado STOP, e com uma prometedora carreira político-sindical à vista. O alvo desta gente toda, salvo no caso da CP, é outro sr. Costa, o ministro da Educação que substituiu o rústico dos idos da "geringonça". E, por tabela, todo o magnífico Governo do dr. Costa, a maioria absoluta mais desastrosa de que há memória desde os tempos de Sua Majestade D. Maria I, a Louca, como diria o saudoso professor Sousa Franco. Todavia, convém recordar que este Governo assaz medíocre e "desgovernado" foi precedido por dois, minoritários, que apenas sobreviveram graças a três circunstâncias. A primeira denominada Marcelo. A segunda, porque o PS assinou umas papeletas bilaterais com o Bloco e o PC, nomeadamente, para poder alçar-se ao poder através da secretaria parlamentar. E a terceira, porque as papeletas garantiam "paz social" ao Executivo em troca de vários fretes. De facto, as papeletas sossegaram o radicalismo em matéria de reformismo governativo, visando o regresso ao passado pré-troika e a um PS mãos largas, capturado pela vertigem do poder, por um lado, e pela necessidade de retomar velhas oligarquias e posições no Estado, por outro. O colaboracionismo social e político do Bloco e do PC foi de tal ordem, que acabaram reduzidos à insignificância parlamentar com o advento do absolutismo socialista. Agora, "colam-se" a elas, ou promovem estas manifestações, quando, no médio e curto prazos pretéritos, tudo consentiram, por acção ou omissão, até ao Orçamento de Estado de 2022. É que eu ainda me lembro das gigantescas "espontâneas", de 2011-2012, do "que se lixe a troika". Porquê, agora, quando tudo rui, é que a "indignação" é selectiva? Apetece perguntar: onde é que tu estavas na geringonça?
o autor escreve segundo a antiga ortografia
Jurista