Toda a gente sabe que António Costa é feito de um otimismo irritante, mas muitas vezes os homens positivos perdem a noção do absurdo.
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Como quando o otimismo se dissolve na ânsia de propaganda e só sobra o irritante: afirmar que uns jogos de futebol são um prémio para os profissionais de saúde provoca tanta irritação, que nem uma máscara, bastante sabão e muitos metros de distanciamento impedem que contagie toda a gente.
A fanfarra pública à volta da final da Champions é bizarra. Não conseguiremos nunca sair deste hábito terceiro-mundista de querer disfarçar os problemas com circo, especialmente em tempos em que o pão dá graves sinais de escassez?
Claro que não, estamos em Portugal. Na dúvida, o melhor é arranjar entretenimento, porque o povo é sereno e gosta de se divertir. Só que desta vez o povo não anda particularmente sereno - estamos cansados da tareia da covid-19 - e o que vem por aí não é de todo divertido. Pode ser que o novo ministro das Finanças decore isto: não precisamos de prémios, precisamos de decoro. E, se não for pedir muito, pensar mais nos dois milhões de portugueses pobres e menos nos muitos milhões de euros dos clubes ricos.
Jornalista