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Não tenho grande explicação para isto, mas nunca consegui apreciar verdadeiramente o Miguel Esteves Cardoso, que era, e é, idolatrado por amigos e colegas mais velhos. Sei que é blasfémia, mas o MEC para mim sempre foi um cronista distante, que nunca me entusiasmou particularmente, ainda que reconheça que está entre os maiores.
O meu MEC é o Ricardo Araújo Pereira, para mim o melhor cronista português do séc. XXI, um escriba tão exímio que aquilo até parece fácil. Chega a ser humilhante a forma como ele nos maravilha. O RAP é tão bom, que até já me arrependi de ter escrito que é o MEC dos últimos anos: o Esteves Cardoso é que é o Araújo Pereira dos anos 90. E arrependo-me também de ter escolhido escrever sobre ele, porque o resultado será sempre meio pálido e até bastante deprimente em comparação. Arrisco tornar-me um Bovary da escrita, por estar aqui a tentar ser mais do que consigo ser, com esta descarada tentativa (e em dupla anástrofe) de me aproximar do Olimpo, munido apenas das banais capacidades (tripla) de um mortal.
Embora seja certo que um dia, como RAP fez a MEC, alguém o vai tirar do trono desse lugar de onde se exibem os deuses. Caso estejas a ler isto, Ricardo - seguramente não estás -, não fiques triste. Estou certo de que essa estrela impertinente não conseguirá mais do que ser apenas o novo RAP.
JORNALISTA