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O Orçamento do Estado para 2026 traz um conjunto de medidas que merecem reconhecimento. O alargamento da isenção do IMT Jovem para a compra da primeira casa e o reforço do IRS Jovem revelam uma intenção clara de que o Governo quer criar condições para que os jovens possam construir o seu futuro em Portugal.
Contudo, se o objetivo é realmente reter talento jovem, é preciso ir mais além. Nenhuma redução de impostos compensará a realidade dos baixos salários e da falta de oportunidades qualificadas. O problema é estrutural e só se resolve com uma economia capaz de crescer de forma sustentada, criando emprego bem remunerado e carreiras com futuro.
Portugal não pode continuar a depender excessivamente de setores de baixo valor acrescentado, como o turismo, responsável por cerca de 50% do crescimento económico. É, sim, necessário apostar numa reindustrialização inteligente e na transição para a Indústria 4.0. Investir em automação, inteligência artificial e computação é fundamental para aumentar a produtividade, reduzir custos e elevar os salários.
Mas a inovação não se faz apenas com tecnologia, faz-se com pessoas talentosas. E, para isso, o país deve garantir condições para que os jovens queiram ficar, crescer e prosperar em território nacional. As consequências de não o fazer são demasiado graves: para lá da perda de jovens, a emigração pode custar a Portugal 2,1 mil milhões de euros.
As medidas do Governo são um bom ponto de partida, mas o Orçamento ainda carece de visão de futuro. Falta-lhe uma estratégia económica de longo prazo que aposte na produtividade, na inovação e na valorização do trabalho qualificado. Só uma economia que cresce e se transforma poderá garantir que os jovens escolhem viver e ser felizes em Portugal.

