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A discussão em torno do Orçamento do Estado (OE) para 2025 afunilou-se, a dada altura, nas duas linhas vermelhas do PS: o IRS Jovem num formato mais favorável a quem mais ganha, na esperança de reter quem tem maior potencial de acrescentar valor à economia, e a baixa planeada a vários anos do IRC, para que o país atraísse investimento externo e as empresas já instaladas fossem capazes de investir em recursos humanos ou outros. Quando as propostas são disruptivas, tanto os políticos como as instituições alertam para os riscos. A incerteza é paralisante. A título de exemplo, a aposta do país nas energias renováveis foi muito criticada durante anos e, hoje, nem é assunto. Curiosamente, esta foi uma ideia de socialistas. Na Alemanha ainda decorre uma discussão sobre a baixa em 30% do IRS para os trabalhadores estrangeiros que resolvam trabalhar para as empresas do país. Ora, as competências tecnológicas concentram-se maioritariamente nos mais jovens (até 35 anos). A razão é simples: a economia alemã está estagnada e precisa de dar um salto em frente para puxar pela restante União Europeia.
Se pensarmos nas medidas dirigidas aos mais pobres em Portugal, a lista é infindável, começando no salário mínimo, com um crescimento exponencial face ao médio, passando por isenções de taxas, apoios a rendas, habitação camarária quase sem custos, tarifários sociais na energia e subsídios sem fim (abono de família, RSI, subsídio social de desemprego, entre outros). Sim, aqui houve discriminação. Nada contra. A taxa de pobreza sem apoios sociais seria sensivelmente o dobro da atual. Discriminar as classes médias para que a economia cresça é outra história. Cria mal-estar. Fala-se em distribuição desigual de riqueza. Mas para criar mais riqueza e distribuí-la melhor precisamos de correr riscos.