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Vivemos uma época em que autênticas fábricas de mentiras põem em causa a democracia e a nossa liberdade.
O nosso sentido crítico não se pode perder num baile de máscaras de desinformação, de falsificação da realidade e de construção de narrativas fraudulentas. Estamos, no Mundo e em Portugal, num momento perigoso.
Recordar os tempos anteriores, que conduziram o Mundo à II Guerra Mundial, ao Holocausto, à destruição de centenas de milhões de vidas humanas, e perceber como se chegou até aí, é mais urgente do que nunca. Recordar os efeitos devastadores das ditaduras, da tortura, das prisões e dos assassinatos políticos é um alerta fundamental nesta fase da nossa existência coletiva.
As guerras, os massacres, os genocídios, as violações dos direitos humanos não podem ser normalizadas pela convivência com imagens televisivas. Os discursos de ódio, o fomento da perceção de insegurança, a mentira, não podem fazer-nos baixar os braços na defesa da nossa matriz ética, constitucional e civilizacional.
Portugal é um Estado de direito. Deveres e direitos têm os limites estabelecidos na lei. E é no primado do direito que fundamentamos os contratos sociais que nos guiam no dia a dia. Podemos deixar que esta ordem seja substituída pela desordem?
Podemos deixar que esta ordem seja diariamente fustigada por chorrilhos de mentiras impunes?Esta é uma batalha inadiável que nos convoca. Do outro lado estão forças poderosas, organizadas internacionalmente e orquestradas com o objetivo único de alcançar o poder e destruir as democracias que construímos.
Não confundamos o direito de liberdade de opinião e de expressão com a permissão de destruição das bases desses direitos.
Esta não é uma questão partidária, não é uma questão de divergências políticas ou de diferentes visões sobre a organização social. Esta é a questão central que distingue a ordem do caos.
E por ser tão crucial que nos entendamos, que sejamos capazes de resolver os problemas do país num quadro de diálogo, de tolerância e de bom senso, é que não me cansarei de fazer um apelo ao repúdio dos discursos assentes em falsidades. Um apelo que nos impele também a perceber a adesão que estas narrativas da mentira estão a conquistar pelo Mundo fora e entre nós.
Por cada mentira repetida mil vezes, devemos opor uma verdade contada outras tantas. Por cada manipulação de factos, devemos saber expor a verdade dos factos.
Temos de o fazer preventivamente, falando dos problemas e das soluções abertamente. Ou seja, de reforçarmos a nossa vida democrática trazendo todos ao debate sobre o que somos e o que queremos ser.