"Em momentos como estes, os que são realmente sortudos são aqueles que podem estar com as pessoas que mais amam", escreveu, em março, Tobias Baumgaertner.
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O alemão legendava uma fotografia captada na Austrália há mais de um ano e partilhada no Instagram. A imagem, premiada quarta-feira pela revista "Oceanographic", mostra o momento em que dois pinguins se abraçam. Estão sentados em cima de uma rocha a observar o pôr do sol. Um voluntário contou-lhe que os pinguins tinham ficado viúvos. A branca "era uma senhora idosa que havia perdido o parceiro". Aparentemente, o mesmo tinha acontecido com o pinguim macho, mais jovem.
O retrato tornou-se rapidamente global. Da mesma forma que cidadãos de todo o Mundo começavam, precisamente nessa altura, a definir táticas para a anormalidade dos dias. Isolados, distanciados, sem abraços, beijos ou simples cumprimentos. Doentes. A perder familiares e amigos. Ao mesmo tempo que assistiam ao aumento das desigualdades sociais, do desemprego, da pobreza. E ricos a tornarem-se mais ricos.
Muito se escreveu sobre o terrível impacto social e económico da covid-19. Certo é que a crise não irá desaparecer com a injeção de esperança que agora nos chega. Como não se dissolverá apenas com políticos e políticas que incluem, entre outras medidas, bazucas financeiras.
Também não se resolverá com abraços. Ainda muito menos sem eles. Não se resolverá seguramente sem a mobilização de todos para os difíceis e desconhecidos desafios que nos esperam.
Um abraço é um momento para aproveitar, tal como o fotógrafo o descreveu quando, ao fim de três dias, conseguiu uma imagem única de união e amor. Mas, mais do que nunca, um abraço é vida.
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