A questão que se coloca é: qual é o limite? Até onde o Estado deve intervir em situações extremas de portugueses apanhados pelo azar em deslocação fora do país?
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As perguntas surgem depois da história de Luís Miguel. O professor que viu a sua vida mudar de um dia para o outro. O caso é simples de contar. Luís Miguel Cardoso sofreu um aneurisma cerebral nos EUA durante uma viagem de férias, com passagem por vários países. Teve de ser operado de urgência num hospital local e foi submetido a uma segunda cirurgia, tendo ficado internado entre o final de agosto e o dia 8 deste mês. As despesas ultrapassaram os 150 mil euros.
Luís Miguel precaveu-se antes da viagem. Uma vez fora da União Europeia, fez um seguro que incluía assistência médica. Além da gravidade da situação de saúde, o português enfrentou outro drama: a apólice contratualizada só cobria 30 mil euros.
Uma vez que a família não conseguia suportar o valor dos honorários clínicos, Luís Miguel procurou ajuda. Esta chegou através dos portugueses. As instituições do Estado não responderam. E teriam de responder?
Teriam, nem que fosse para aconselhar e acompanhar o caso. Não aconteceu. O consulado português em Nova Iorque não recebeu um familiar, a embaixada portuguesa não respondeu a um pedido de ajuda enviado por e-mail, o Ministério dos Negócios Estrangeiros limitou-se a informar que não dispunha de meios para ajudar. A única orientação foi dada pela Câmara Municipal do Porto, também abordada, que sugeriu o estabelecimento de contactos com a Segurança Social.
O Luís é um português como todos nós. Nem mais, nem menos. É professor e tem dedicado parte da sua vida aos maiores valores do desporto, que, entre muitos outros, incluem humanismo e solidariedade.
Já está em casa, em Portugal, com a família. Está agradecido. Sabemos a quem.