O presidente da República anda preocupado com o destino dos dinheiros do "plano de reestruturação e resiliência", vulgo PRR.
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Ele sabe que a Comissão já deu nota de projectos mal desenhados e desconfia, com razão, da capacidade desta gente - leia- se, do Governo e derivados locais e regionais - para a aplicação eficaz, eficiente e controlada dos referidos dinheiros. Seremos, para este e outros efeitos, "um país pouco coeso, envelhecido, com uma clivagem etária, dependente do Estado (leia-se, do partido que tomou conta do Estado e de tudo) e com uma sociedade civil frágil". Depois, seguiu-se o "cliché". É preciso mudar. Se não mudarmos, perdemos a oportunidade. Isto não acaba, mas fica "à beira do abismo". Para reforçar o chavão, pediu pela enésima vez "acordos de regime", aqueles pastelões em que os principais partidos fingem estar de acordo em meia dúzia de "temas" que nunca chegam a "desenvolver". Ora, daqui a sete dias perfaz-se um ano sobre a maioria absoluta que o eleitorado conferiu ao PS para poder governar sozinho e sem desculpas. Temos visto o que é que o Governo tem feito dessa benesse. Não há dia nenhum em que o executivo não esteja preso pelo fio da sua intrínseca amoralidade política. Até um ex-membro do dito revelou que, navegando nas profundezas do "tempo" do seu "WhatsUp", descobriu que, afinal, sabia da indemnização choruda que a TAP atribuiu à também ex-governante do Tesouro. E, soubemos nós, outra antes desta já tinha saído da companhia aérea com uma indemnização ainda mais choruda que a da primeira. Depois há Cravinho, que está MNE, mas que, enquanto titular da Defesa, foi um mãos largas com as obras do hospital militar e anda sob escrutínio apertado. Medina, esse, utilizou o biombo do Ministério das Finanças para responder a perguntas sobre o seu recente passado camarário onde deu corda, agarrando-se à que já vinha de trás, de Costa, a Manuel Salgado, o "dono" da CML durante os últimos tempos do mandato socialista em Lisboa. Entrou em cena um comendador, o sr. Morão, de Castelo Branco, um velho benfeitor e cacique socialista que desceu à capital pela mão do actual ministro e de Salgado, sem se saber bem para quê, a não ser das "condições da consciência" do ministro que viu no comendador um "perfil adequado". Com o devido respeito por Marcelo, não há acordos possíveis com estes "bem-amados", lembrando os 50 anos da novela de Dias Gomes. Tal qual Odorico, Costa há-de sustentar que, quem votou nele, "basta dizer isso ao padre na hora da extrema-unção, que tem enterro e cova de graça, conforme o prometido". Só que isso já não chega.
Jurista