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Portugal leva seis meses a contar números medíocres nos indicadores económicos. Coincidem com o tempo da governação do PS. Significa que meio ano bastou para que a Esquerda no poder, beneficiando de livre arbítrio nas suas decisões, conseguisse transformar em negativos os resultados positivos que o anterior Governo alcançara, apesar de condicionado por um programa de ajustamento com impacto recessivo.
O PS foi a votos reclamando contra valores que a Europa elogiava em 2015, mas António Costa tinha por insuficientes, garantindo que se o PSD e o CDS rejeitassem a austeridade que paradoxalmente o PS negociara no auge do cataclismo de José Sócrates, tudo seria melhor. Portugal tinha de "falar grosso na Europa". E empolgado pela razão de ciência de um grupo de "sábios" à medida, o líder socialista apresentou em campanha o programa que sustentava um cenário macroeconómico que mostrava para 2016 um crescimento de 2,4 % do PIB.
Agora, é como se vê. No primeiro trimestre de 2016, o crescimento foi de 0,2% em cadeia e 0,9% em termos homólogos (só a Grécia e a Hungria cresceram menos na UE). Acresce que a dívida pública e o défice aumentaram, as exportações recuaram e o desemprego cresceu.
Recordemos então. Quando há um ano, no primeiro trimestre de 2015, Portugal registou uma taxa de crescimento de 0,5 em cadeia e 1,7 % em termos homólogos - a melhor desde o final de 2013, maior do que a média da Zona Euro (1%), à frente de países como a Alemanha, a Itália ou a França - o PS na Oposição não teve dúvidas. João Galamba comentou tratar-se de "um valor abaixo do que estava orçamentado, no limite inferior de todas as estimativas", um "falhanço colossal", que dizia muito da credibilidade do Governo.
Não obstante, há dois dias, em Lisboa, sobre os resultados incomparavelmente piores que o Governo socialista alcançou, António Costa permitiu-se dizer "que Portugal está em recuperação económica e conseguiu acomodar os efeitos da desaceleração no plano externo". Quanto cinismo, quanta desfaçatez.
O PS de 2011 é o PS de 2015, acrescentado da "proletarização" do regime que o BE e o PCP impõem, num ajuste de contas do PREC, que o 25 de Novembro derrotou. Acreditam que o revivalismo de inspiração estalinista, marxista, leninista e trotskista, experimentado mas fracassado no lado canhoto do Muro de Berlim, conseguirá melhor do que a defesa das regras da economia de mercado, respeitadora da iniciativa privada, que o Ocidente preferiu.
O buraco vem já a seguir. Mas a culpa, essa, voltará a ser de quem lhes pagará as faturas.