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São já dez os candidatos às eleições autárquicas. Sete apresentados por partidos políticos e três por movimentos independentes, faltando ainda ser apresentado o candidato do Chega.
Penso que deve ser um número recorde de candidatos e de alternativas para o governo da nossa cidade. Contudo, o que parece também dizer é que um conjunto de cidadãos entende ter capacidade e um projeto diferente para conquistar a cidade. Estamos convictos de que basta querer ser para se poder aparecer. Os projetos, esses, são em tudo muito semelhantes nos seus objetivos. Problemas de habitação, mobilidade, segurança e de envelhecimento.
Ainda não vimos muito mais, mas existe espaço para a discussão de um Porto mais mobilizador e cosmopolita. Um Porto que perceba que lidera toda uma região, que tem uma obrigação de fazer mais por ela, reclamando a sua presença no debate da famosa reforma do Estado.
Um Porto que não pode continuar adiado naquilo que precisa. Ser uma verdadeira cidade europeia que cria condições de qualidade de vida para os seus cidadãos.
Um Porto que tem de estar à altura da sua história. Um Porto que esteve, em 1415, no momento da aventura da primeira globalização, um Porto que se levantou, em 1820, em defesa de uma monarquia constitucional, que sofreu um cerco de um ano por defender as ideias liberais, um Porto que procurou antecipar a República, em 31 de janeiro de 1891, um Porto que, quando recebeu Humberto Delgado, explicou ao país que era possível derrotar a ditadura. Este é o Porto que tem de ser convocado nas próximas eleições autárquicas.
Vai ser uma campanha bipolarizada em torno de dois candidatos. No centro-direita a coligação PDD-CDS-IL e independentes, protagonizada por Pedro Duarte e ao centro-esquerda o PS, de novo, com Manuel Pizarro. O resto poderá tentar animar o debate, o que será sempre um contributo útil e cívico de responsabilidade política e pouco mais do que isso.
Os portuenses querem um presidente que esteja junto deles, contrariando tendências recentes, e que compreenda o drama de entrar e sair da cidade ao longo do dia. Querem um presidente que faça presidências abertas na sua freguesia para compreenderem os seus problemas. Desejam quem ame o Porto e venha para o servir. Querem alguém que não ande ao sabor das modas e que venha com uma vontade de ser inclusivo e um homem livre de grupos e de interesses organizados.
Agustina disse um dia que “o Porto é uma nação” e tinha razão porque sabe sempre surpreender. Esperemos que, no dia da eleição, o Porto saiba escolher quem quer unir, servir e entender as suas gentes e as suas instituições ao longo do mandato e não só até ao dia das eleições.