<p>O primeiro dia de trabalho de Van Rompuy, o primeiro presidente do Conselho Europeu , começou com uma declaração grandiloquente: a 11 de Fevereiro, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) encontram-se em Bruxelas, para discutir o relançamento do crescimento económico da UE. Objectivo: definir políticas que permitam preservar "o nível de vida dos europeus".</p>
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A tarefa é tão ingente que pode acontecer uma de três coisas: ou algum dos líderes europeus tira da manga uma (improvável) solução mágica; ou, à falta dela, os chefes de Estado e de Governo passam dias fechados a trabalhar numa das mais sérias matérias com que a UE se debate desde há muitos anos; ou, com muitos ou poucos dias de elaborados pensamentos, nada de muito novo sairá da cimeira. Se tivesse de apostar, eu poria a cruzinha na terceira hipótese. Simplesmente por se tratar da mais realista.
Respondem os mais optimistas: os últimos dados das economias da UE derrotam tanto fatalismo. Ao contrário: apenas dão força à tese. Porquê? Porque mostram que algumas das economias da UE apenas tiraram um pé da areia movediça. Ora, isso não garante que consigam tirar o outro sem dor.
O problema é este: por mais rijo que seja, o bloco regional em que Portugal se inclui (graças a Deus e ao dr. Mário Soares) não escapa a esse execrado fenómento chamado globalização. Quer dizer: não escapa à concorrência. E como anda a concorrência? Anda depressa e bem. Exemplos? Aí vão: a China deve crescer, este ano, entre 8 e 8,5%; o Brasil andará pelos 5%, a Rússia deverá aumentar o seu Produto Interno Bruto em mais de 3%; a Índia rondará 7%. Invejável, não é? É, sobretudo se tivermos em conta que na UE nos quedaremos por um ponto, ou um pontinho e meio, de crescimento.
Os chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) ameaçam "engolir" os grandes e tradicionais espaços económicos mundiais: Estados Unidos da América, UE e Japão. Por isso, só podemos desejar muito boa sorte aos chefes de Estado e de Governo que se reúnem em Bruxelas no dia 11 de Fevereiro. Vai ser preciso estudar, pensar e concertar muito esforço para manter "o nível de vida dos europeus".
O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, deu ontem uma ajuda, com a receita do costume: não pode esperar-se pela recuperação económica para reduzir o défice orçamental.
É um ponto de partida. Doloroso, mas um ponto de partida. Estamos preparados? n