As audições da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP entram na reta final, e, como num "blockbuster" de Hollywood, o final será intenso.
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Nem tanto pela expectativa de novas revelações, mas porque está em jogo a competência, a responsabilidade, a transparência e, portanto, o futuro político de dois socialistas com aspirações a substituir António Costa na liderança do PS: o ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e o atual ministro das Finanças, Fernando Medina.
Depois da autópsia um pouco bizarra aos incidentes no gabinete do ministro João Galamba, incluindo os intermináveis interrogatórios sobre a intervenção do SIS na recuperação de um computador com documentos classificados, a CPI regressa ao tema para a qual foi criada: a partir do despedimento de Alexandra Reis da TAP e subsequente indemnização, da sua passagem pela NAV e, finalmente, a nomeação como secretária de Estado do Tesouro, os deputados irão dissecar não apenas a gestão pública da TAP por parte do Governo, mas até que ponto estes dois putativos candidatos à liderança do PS ainda podem aspirar a um futuro político de primeira linha.
A primeira prova de fogo será para Pedro Nuno Santos. Em dois momentos, porque o seu testemunho será precedido pelo do seu ex-secretário de Estado, Hugo Mendes, que, entre mensagens e emails, tantos estragos provocou (em particular aquele em que pedia um "jeitinho" à CEO da TAP para alterar o dia de um voo, em favor do presidente da República, o "principal aliado político" que poderia transformar-se no "pior pesadelo" dos socialistas). E depois será então o ex-ministro explicar melhor o que sabia sobre a indemnização e, já agora, se era habitual gerir o país através de mensagens no WhatsApp.
A fechar, Fernando Medina. Não se afastará da versão habitual: não sabia da indemnização, mas também que não quis saber. E é esta segunda parte que o pode deixar, de novo, sob fogo. Porque não parece razoável que um ministro contrate uma secretária de Estado do Tesouro demitida da empresa que vai tutelar sem procurar saber porque saiu e como saiu. Adivinha-se um final de semana difícil para os dois delfins de Costa.
*Diretor-adjunto