Os desafios que os campeões mundiais sub-17 vão ter pela frente
O título mundial de sub-17 é um feito notável e ficará na memória dos jogadores da seleção portuguesa, mas pode ser apenas uma recordação feliz se muitos não atingirem o mais alto patamar do futebol sénior. E nem todos vão chegar ao nível que desejam por força de circunstâncias próprias que o desporto é pródigo em criar. No fundo, cada um destes jovens vai estar pendente de três vias fundamentais no início da carreira: da capacidade de resiliência para ultrapassarem as dificuldades que surgirão pela frente - e vão ser muitas; do planeamento dos clubes num processo de crescimento sustentado e preenchido por muita confiança - a olhar para o que podem acrescentar à equipa e não numa perspetiva de lucro fácil que lhes pode arruinar a carreira; da coragem dos treinadores ao perceberem que cada um destes miúdos só pode atingir o topo se forem uma aposta efetiva - e não um mero fruto do acaso. Depois, quem andava à volta deles, sobretudo os pais, também têm de entender que não há jogadores feitos no escalão de sub-17. Há apenas promessas.
O segredo do título mundial tem o dedo do selecionador Bino Maçães, um aglutinador de talentos que soube colocá-los ao serviço do coletivo, sem perdas de identidade, e do trabalho de qualidade feito pelos clubes que são como fábricas de produção em série, apoiadas no rigor científico das academias. Tudo se resume à qualidade de treino e à capacidade dos treinadores para esculpirem os diamantes. Parece fácil, mas é muito difícil. E dá imenso trabalho.

