Corpo do artigo
É notório que a Direita, no Porto, anda num reboliço a propósito das próximas eleições autárquicas. Nos últimos anos, a Direita concentrou-se no Movimento de Rui Moreira (RM) que, congregando o apoio formal do CDS e da IL, conseguiu, também, reduzir a mínimos o PSD e o PS - as forças que tinham presidido à Câmara entre 1976 e 2013.
Mas, com a retirada de RM por força do limite de mandatos e dos contextos local e nacional, as coisas estão a alterar-se. Filipe Araújo, o vice de RM, acredita que é possível ultrapassar a saída do patrono e conquistar a Câmara, apesar da debandada que se regista no seu movimento. A começar pelo CDS que, estando no Governo da AD e não indo sozinho a votos em autárquicas no Porto desde 1993, terá muitas dificuldades em não se coligar com o PSD. A IL, que também integrou o movimento de RM, balança entre ir a votos autonomamente ou coligar-se com o PSD. É sabido que, a nível nacional, Rui Rocha, apesar das evidentes convergências, procura distanciar-se do Governo. Coligar-se com o PSD deitará por terra esse esforço de diferenciação e de afirmação partidária. Mas o escândalo (falsificação de assinaturas) que levou à demissão de Tiago Mayan (o seu autarca com mais notoriedade) da presidência da Junta de Aldoar, Foz e Nevogilde também dificulta a apresentação de listas próprias.
O PSD, desde 2013, vai vogando ao sabor dos ventos. Em 2013, foi Rui Rio o mentor da candidatura de RM apenas com o objetivo de impedir Luís Filipe Meneses de alcançar a Câmara. Alcançado esse objetivo, Rio foi surpreendido com o grito de Ipiranga de RM, que quis, naturalmente, ter vida própria para além da do criador. Em 2021, o PSD apresentou uma candidatura muito crítica de RM, mas, passadas as eleições, o PSD transformou-se na sua muleta, viabilizando as suas políticas. Agora está num dilema: sendo o partido mais votado a nível nacional e liderando o Governo, será sinal de fraqueza se, na segunda cidade do país, não se apresentar com as suas cores a votos. Procura acenar com cargos a Filipe Araújo, mas este convenceu-se de que pode ganhar as eleições e convida o PSD a apoiá-lo…
Veremos como isto acaba, mas parece evidente que, mais do que a discussão de um projeto para a cidade e para o bem-estar das pessoas, o que está em causa, para a Direita, são guerras de egos e taticismos partidários… O que é mau!