Escrevi há uma semana que para ganhar o dérbi o Benfica teria de juntar a razão de Amesterdão com o coração da Choupana durante os noventa minutos. Não teve a razão durante vinte e sete, quase um terço do jogo, e isso foi quanto baste para que toda a alma demonstrada, sobretudo na segunda parte, não lhe desse a vitória que talvez não justificasse, mas que a reação à adversidade inicial talvez merecesse. Não foi um dérbi elegante e bem jogado, mas foi intenso, competitivo, "rasgadinho" quanto baste e sem ultrapassar os limites do fair play que prevaleceu antes, durante e depois do jogo e onde o tão criticado Ríos foi merecidamente eleito o homem do jogo.
Também escrevi há oito dias que a sua falta se sentira na Madeira, pois é notória a melhor adaptação a um campeonato europeu de um jogador que fez na sexta-feira passada o sexagésimo nono jogo da época, para quem se queixa de os seus jogadores não terem descanso. Infelizmente, também ele consta da lista de erros individuais que custaram pontos esta época, relembre-se Casa Pia, e que na sexta-feira passada cresceu com o "autogolo" a meias entre Enzo e Trubin. Mas, como assinalou Mourinho, a equipa parece estar a crescer, melhor fisicamente e mais confiante, e ainda falta mais de metade a um campeonato onde tem acontecido de tudo ao Benfica.
É na crença que estes dois terços de razão e coração possam aumentar e até transformar-se em cem por cento nos jogos com os adversários diretos e no mais de metade de campeonato que ainda está para vir, que o Benfica se deve focar, agora que, ironicamente, é a única equipa imbatível nas competições nacionais.

