Mas, afinal, o que contêm todas as linhas, parágrafos e páginas dos pareceres científicos que deram origem à decisão de vacinar as crianças entre os 5 e os 11 anos? Quantos são e que juízos são esses que os pais não podem ler com os próprios olhos para retirarem as suas conclusões e decidirem vacinar os filhos?
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A ausência de respostas é má. Respostas parciais ainda são piores. Deixam demasiado ruído no ar. Aumentam a ansiedade. Geram desconfiança. Fatores a evitar para que um processo desta importância corra bem. Já não vai correr.
Ao não divulgar o parecer técnico integral que sustentou a decisão de aprovar a vacinação dos meninos e das meninas, a Direção-Geral da Saúde aumentou ontem a enorme dúvida entre os pais. Entende Graça Freitas, entende Marta Temido, entende o Governo que uma "posição técnica final", divulgada ontem ao final da noite, será suficiente para esclarecer os pais. Não será, como já se percebeu. Nem para os pais, nem para os especialistas que se têm manifestado contra a decisão.
De resto, não é compreensível que a máxima autoridade de Saúde em Portugal, aquela que tem de ser totalmente transparente com os portugueses, se refugie no secretismo deste ou de qualquer outro parecer. Se escude em "documentos internos" para justificar a recusa em divulgar todas as apreciações que deram luz verde à vacinação das crianças contra a covid-19.
Na hora de vacinar os filhos, qualquer pai quer ter a certeza absoluta da consequência do ato. Não pode restar uma única dúvida, por mais pequena que seja, por mais insignificante que pareça.
Este foi naturalmente o entendimento de alguns partidos. Os de Esquerda ficaram em silêncio. Foi também a perceção da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Farmacêuticos. A divulgação dos pareceres ajudará a reforçar a confiança na vacinação de crianças. Simples.
Diretor-adjunto