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Há pouco mais de 40 anos que Portugal beneficia de forma sustentada dos Fundos Comunitários como uma importante alavanca financeira do seu desenvolvimento. No contexto da atual situação económica e no meio da complexidade financeira internacional, continua a ser evidente no nosso país a falta de um Modelo de Desenvolvimento que seja partilhado sob a forma de Contrato Estratégico entre o Estado e a Sociedade Civil. Os atores económicos e sociais (Municípios, Empresas, Universidades, Centros de Inovação) preocupam-se unicamente com a sua sobrevivência conjuntural e com isso têm desperdiçado a oportunidade única de fazer dos Fundos Comunitários uma aposta sustentada para o futuro do país. Por isso, os Fundos Comunitários têm que ganhar uma Nova Agenda Estratégica!
Os Fundos Europeus deverão cada vez mais ser usados como um instrumento inovador para dar resposta às novas exigências que a competição da economia global e os novos fenómenos sociais exigem ao nosso país. O balanço de mais de 40 anos de Fundos Comunitários em Portugal é muito claro: aposta sustentada na melhoria das infraestruturas do país, numa lógica não raras vezes pouco coordenada e monitorizada (veja-se a proliferação desnecessária de parques industriais e pavilhões desportivos municipais), falhas sucessivas nas ações de formação empreendidas ao longo das três intervenções levadas a efeito, resultados muito frágeis nas áreas essenciais da inovação, conhecimento e competitividade.
Os Fundos Comunitários não podem ser interpretados pelos atores nacionais como mais um instrumento financeiro utilizável para dar cobertura a uma crescente falta de financiamento nos circuitos tradicionais. Em tempo de crise financeira, impõe-se mais do que nunca um verdadeiro "choque operacional" que conduza a mudanças claras e necessárias: desativação das atividades empresariais sem valor, aposta maciça numa formação / educação que produza quadros reconhecidos pelo mercado, fixação de investimentos e talentos nas regiões mais desfavorecidas, criação de um contexto competitivo moderno voltado para a criatividade das pessoas e a qualidade de vida das cidades. Uma agenda que deve ser interpretada por todos com um forte sentido de inteligência coletiva, com impacto positivo para a economia e a sociedade.

