A política, a nobre arte do governo da cidade, está a converter-se na arte de melhor gerir o imediato e a vitória nas eleições seguintes, que garantam o acesso ao poder e o que dele se possa usufruir. Acontece assim na Venezuela, em que todos falam na defesa do povo.
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De facto, porém, tanto os Estados Unidos, que apoiam Juan Gaidó, como a Rússia, que apoia Nicolás Maduro, estão preocupados em garantir o acesso às riquezas venezuelanas e o seu controlo.
Os grandes políticos são aqueles que, em vez de se preocuparem com as vitórias a curto prazo, investem na construção de um futuro melhor para as populações que servem, em particular para os mais desfavorecidos. Foram políticos desse calibre que sonharam o projeto europeu. São políticos medíocres os que cavalgam populismos e põem em risco os ideais de quem, um dia, conseguiu ver mais além do que o imediatismo da conquista do poder.
Enquanto num passado recente a política era exercida por políticos que tinham a capacidade de "pensar em grande", esta hoje caracteriza-se por ser uma atividade que "não tem grandes projetos e vive apenas para as vantagens imediatas, para as eleições", denunciou o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, numa entrevista ao "Expresso".
Quando se aproximam as eleições europeias, em que se devia estar a discutir as propostas dos diferentes partidos para a construção europeia, gasta-se o tempo a debater questões da política nacional, desenterrando-se assuntos ou quezílias que pouco, ou mesmo nada, têm a ver com as europeias. Ultimamente, a discussão que está a inquinar o debate político é em torno da aliança negativa que aprovou na Assembleia da República a restituição do tempo perdido pelos professores durante os anos da crise. Fica a dúvida, até ouvindo os diversos comentadores, se alguém está verdadeiramente preocupado com essa questão, ou se o que move os partidos é apenas o objetivo de ganhar vantagens eleitorais, tendo como pano de fundo as legislativas.
Política a sério, teria sido os sucessivos governos, tanto os de Esquerda como os de Direita, terem conseguido encontrar soluções para a promoção e dignificação do estatuto dos professores, em vez de o terem deixado degradar. Políticos a sério são aqueles que não se limitam a gerir em função de um horizonte limitado dos ciclos eleitorais, mas que determinam, significativa e positivamente, o futuro de uma comunidade humana.
São esses os políticos que necessitamos. Tanto a nível nacional como europeu.
*PADRE