O declínio silencioso da Biodiversidade contrasta com a violência com que nos chegam os efeitos das alterações climáticas em situações de seca severa, incêndios incontroláveis, ou, até, com dias de chuva extrema e concentrada resultando em cheias como as que por estes dias assolam o país.
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Salvar o planeta não é apenas sobre a sobrevivência da espécie humana. Devemos investir todos os esforços em salvar a biodiversidade, como nos propõe a 15.ª Conferência da Biodiversidade das Nações Unidas que decorre agora em Montreal. Podemos e devemos, objetivamente, investir em Acordos Globais de Proteção da Natureza.
A geração de jovens que, tal como eu, vive as portas que abril de 1974 abriu, teme janeiro de 2030 porque estamos a menos de 8 anos da meta de aumento máximo de 1,5º de temperatura assumida no Acordo de Paris e os resultados não são promissores.
Se por um lado verificamos o compromisso e a determinação dos Governos, a nível nacional e europeu, e verificamos cada vez mais pontes para a resolução deste que é um problema transversal a todas as classes, comum a todas as Nações e decisivo para todas as espécies que coabitam este planeta, por outro lado, é por demais evidente que a comunidade internacional está muito aquém das expectativas definidas em Paris.
Estudos de 2021 da Universidade de Bath dizem-nos que quase 60% dos jovens entre os 16 e os 25 anos estão muito ou extremamente preocupados com a crise climática. Ao longo dos tempos e, em especial em 2022, os jovens estiveram presentes de diversas formas e contribuíram para determinar o futuro da causa ambiental.
Tememos que os dados e as reações negativas do Relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas de 2022 (IPCC 2022), bem como das declarações da 27.ª Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP27), em Sharm el-Sheikh, no Egito se materializem. Tendo em conta o que temos de recuperar e de conservar para mantermos os pulmões do nosso planeta, entendemos que as metas assumidas publicamente na 2.ª Conferência dos Oceanos, em Lisboa, são pouco ambiciosas, como é disso exemplo o objetivo de proteger 30% das zonas marítimas nacionais até 2030.
Temos de exigir mais. Exigir, em simultâneo, a justiça social e climática, repensar o contrato-social para garantir a transição para um modelo socioeconómico mais sustentável, com a transição para uma economia circular, sustentada por emprego verde ou azul.
Os jovens estão a dar a cara pela necessidade de um novo rumo. Devemos por isso exigir muito mais do que demissões de governantes, devemos exigir as condições necessárias para criar um adequado clima de diálogo, pelo planeta, pela Humanidade.
Com efeito, a cidadania ativa e a participação cívica são determinantes para a concretização deste objetivo comum. Este será um diálogo que se cria na família, nas escolas, nas associações, junto das comunidades locais e, sobretudo, na participação política. Por esse motivo, são vários os rostos da Juventude Socialista, de militantes de norte a sul do país, a darem os seus contributos de forma organizada, institucional e partidária.
No próximo fim de semana, em Braga, é com estas convicções que muitas moções de resolução política vão ser apresentadas no XXIII Congresso da Juventude Socialista. Propõem-se assim reflexões e caminhos levando a votação algumas soluções para por exemplo: i) proteger os oceanos; ii) promover a agricultura sustentável; iii) criar um plano de retenção de águas pluviais; iv) implementar medidas de descarbonização e de evolução sustentável das cadeias de abastecimento; v) combater o ponto de não retorno; vi) garantir a mobilidade universal e sustentável; entre outras propostas que constam na Moção Global de Estratégia sob o mote «Agir pela Ambição Climática!».
Este é o momento de unir todos os esforços, dialogar e criar pontes.
*Eleita pelo Partido Socialista na Assembleia de Freguesia de Arroios