Esta foi uma semana atípica. Adiaram-se aulas, conferências, reuniões... Por todo o lado, as pessoas vão tentando gerir a sua apreensão. Em tempos de enorme incerteza, há que valorizar o que muitos vão fazendo em prol de todos. E sentir idêntica necessidade de dar também o nosso contributo para bem da saúde pública.
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Mesmo numa cidade de média dimensão como Braga, o trânsito, pela manhã, complica-se sempre nas áreas que acolhem estabelecimentos escolares. É assim também na zona do colégio que o meu filho frequenta, particularmente na parte do edifício que alberga o ensino pré-escolar e o 1.0 Ciclo. Não foi assim esta semana. Neste contexto especial, determinou-se que as crianças passariam a ser entregues na porta principal e os pais ficariam do lado de fora do edifício. Resultado? O tempo de paragem reduziu-se drasticamente, o trânsito começou a fluir melhor e os lugares de estacionamento multiplicaram-se. A situação beneficiou toda a comunidade escolar: as crianças ganharam mais autonomia, os pais mais tempo e o colégio mais tranquilidade.
Vivendo numa casa com alto consumo de informação, o meu filho de 7 anos nunca esteve tão bem informado, nomeadamente sobre esta epidemia. É do ambiente familiar, poder-se-ia pensar. Não é assim. Aquilo que ele sabe tem aprendido na escola. O professor vai partilhado muita informação sobre o assunto na sala de aula e a conversa dos alunos arrasta-se até ao recreio, ali em modo mais descontraído. Nenhuma campanha de educação para os média conseguiria fazer tanto pelo envolvimento das crianças com este (grave) problema de saúde pública como esta preocupação coletiva que todos nós sentimos e que o sistema escolar tomou em mãos de forma tão responsável.
Com a universidade fechada, trabalho em casa. Com apoio de tecnologias que nos põem à distância de um ecrã uns com os outros, lá fui multiplicando, via Skype, várias reuniões e despachando, por correio eletrónico ou em plataformas de partilha de textos, algum trabalho. Também consegui avançar mais nas investigações que tenho em mãos, tendo dedicado algum tempo a analisar a forma como temos vindo a comunicar o coronavírus. Ainda que haja uma experiência de comunicação de risco resultante de vários surtos, lá fomos promovendo conferências de imprensa sem haver nada de substancial para dizer e dando entrevistas em registo de alarme social. Felizmente, estamos agora numa fase de equilíbrio naquilo que vai sendo comunicado e construído jornalisticamente. Que convém preservar para bem de todos.
*Professora Associada com Agregação da UMinho