Os outros líderes na luta pelo clima
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Por estes dias, em Baku, a Conferência do Clima é dominada por ausências políticas de peso. No entanto, existem outras lideranças que importa ter em conta. A revista “Time” enuncia algumas. Entre esses nomes, consta um português: Rodrigo Costa, presidente da REN, Redes Energéticas Nacionais.
Ajay Banga, o presidente do Banco Mundial, não é muito conhecido, mas o cargo que ocupa, desde maio de 2023, quando o antecessor foi obrigado a demitir-se por ter exposto dúvidas sobre o papel da Ciência nas alterações climáticas, assume primordial relevância. Em declarações à “Time”, lembra que “pequenos ajustamentos podem fazer a diferença”.
Sob sua liderança, o Banco Mundial integrou as alterações climáticas nas suas missões prioritárias, criando-se outras condições para financiar projetos que envolvem diretamente esse combate ou outros que incluam o clima no âmbito da sua ação. De facto, o financiamento é hoje crucial neste âmbito, quer falemos da transição energética, quer a preocupação se centre na adoção de outras políticas em zonas do globo mais vulneráveis ao aumento das temperaturas. Segundo a “Time”, “os mercados emergentes e os países em desenvolvimento precisam de gastar mais de dois biliões de dólares anualmente para cumprir as metas climáticas globais”.
Todos importam nesta causa pela sobrevivência da nossa Casa Comum. A “Time” lista um conjunto de nomes cujo trabalho pode fazer a diferença. Em vários lugares. Como os departamentos de sustentabilidade da Microsoft ou da Ikea; as empresas de aviação, como a United Airlines Ventures; a indústria automóvel, como a Volvo; as universidades, como a Universidade do Arizona. São múltiplos os (bons) exemplos apontados de práticas de referência.
Nesta lista, sobressai o presidente da REN, a maior empresa portuguesa de infraestruturas energéticas em Portugal, hoje uma referência europeia na energia limpa. A “Time” é muito elogiosa no texto que escreve a este respeito, afirmando que o nosso país tem vindo a diminuir a dependência do carbono de forma expressiva. São dados vários exemplos: no outono do ano passado, durante seis dias, a produção de energia renovável excedeu a procura de eletricidade do país; em janeiro deste ano a produção de energia eólica atingiu um máximo histórico em Portugal e, este ano, em menos de nove meses, a energia solar excedeu a produção total registada em 2023; em abril, o país gerou 95% da sua eletricidade a partir de recursos renováveis.
É, pois, em lideranças muitas vezes sem notoriedade pública que também devemos procurar exemplos que nos façam acreditar que a luta contra as alterações climáticas pode ser bem-sucedida.