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Num jogo importante e histórico do campeonato português, a comunicação social autóctone esteve, isso sim, hiper-focada no paupérrimo jogo das Aves, com direito a acompanhamento do autocarro do Benfica, não fosse ele perder-se pelas esconsas estradas da província. O Al Nassr e o United mereceram maior cobertura e atenção noticiosa do que este dérbi. O fenómeno Ventura existe há muito no futebol. Fala-se sempre do mesmo e esse mesmo passa a ser o que existe. Tudo o resto desaparece, passa a irrelevante, como este bom jogo a que assistimos e que não merecia tal desprezo. Qualquer miúdo que goste de futebol acha, naturalmente, que só três clubes importam e assume o clube da sua terra como qualquer coisa de excêntrico e episódico. Em Guimarães nunca foi assim, nunca será assim. Daí que nem a nossa descrença inicial, o pessimismo, nos afasta do Vitória: mais de 25 mil pessoas estiveram no estádio apoiando a equipa. O grande dérbi dos outros não desiludiu. Foi um jogo a sério, com intensidade, com drama, com espetáculo e um golão (o nosso). Aquele penálti que falhámos acentuou ainda mais o dramatismo. Contra uma equipa bem mais valiosa do que a nossa, mas ansiosa, a conversão daquele penálti teria, creio, escrito uma história completamente diferente. Os bons jogadores do Braga ficariam mais nervosos com a reviravolta. Saviolo, Samu e Fábio, que tão bem entraram na partida, teriam tido mais espaço para aprimorarem e concretizarem em golo os pormenores deliciosos que acrescentaram ao jogo. Mas, creio, ganhamos já uma boa ideia de equipa. Algo que, até há bem pouco, não conseguíamos sequer imaginar.
*Adepto do Vitória