Costa, depois de uma maioria absoluta conferida pela votação popular, tinha tido a obrigação de formar um Governo melhor que esta trupe inconsequente.
Corpo do artigo
Dos três, já o disse, é o Governo mais medíocre, politicamente falando, que constituiu. No mês em que se celebra o patrioteirismo nacional e uma sequência de feriados por via dos "santos populares" que foram "municipalizados", existe sempre um período mais ou menos longo de intervalo geral para banhos, reais ou fictícios. O país faz às bochechas as suas primeiras férias Primavera-Verão. E as instituições acompanham-no, ora desaparecendo e não cuidando do essencial, ora aproveitando a distracção geral para aprovar "prioridades" como a eutanásia, que passou, na generalidade, no Parlamento. Sobre isto, penso exactamente o que pensa o escritor francês Michel Houellebecq. "Quando um país - uma sociedade, uma civilização - legaliza a eutanásia, a meu ver perde qualquer direito ao respeito. A partir daí, passa a ser não apenas legítimo, mas desejável, destruí-lo. Para que uma outra coisa - um outro país, uma outra sociedade, uma outra civilização - tenha oportunidade de aparecer". Um médico não jura ajudar a acabar com uma vida. Jura ajudar a preservá-la até ao seu fim natural. Ponto final, parágrafo. Precisamente, estes dias funestos trouxeram a actividade médica à baila, e o nosso inconfundível SNS também. Costa, inexplicavelmente, manteve a senhora Temido à frente do Ministério da Saúde. Parece que tinha feito um grande serviço à nação com uma pandemia que ainda anda por aí, e eu que o diga. Sucede que os principais equipamentos do SNS, os hospitais, estão exauridos em recursos humanos. O que tem tido como consequência principal, nestes tais dias de "santo" e patriótico intervalo, a ausência de médicos de determinadas valências em urgências hospitalares um pouco por todo o país. Ninguém cuidou de elaborar as escalas de serviço, ou de as verificar, para estes dias. E o resultado tem sido contado pela Comunicação Social. A regra é "por favor, não adoeça, não pense em parir, não parta a perna, não bata com a cabeça na parede que nós não estamos". Tente mais tarde ou mais longe. Isto seria cómico se não fosse trágico. Todavia, em Londres, para onde também arrastou o patrioteirismo inócuo do "10 de Junho", Marcelo apelou aos "700 Ronaldos portugueses" na Grã-Bretanha (sobretudo pessoal de enfermagem) para que regressassem, como se estivesse a falar para parolos. Mas é assim que o regime, o PR, a maioria absoluta e o Governo, olha para o país, para a "arraia-miúda" que pastoreia irresponsavelmente. Como parolos. Não se enganam.
Jurista