Portugal tem estado, desde o início do ano, em constante ebulição pelos piores motivos. O PS não foi capaz de encontrar, como era seu dever, uma solução de estabilidade política. O nome do nosso país começou a ser referido de modo constante como um dos casos problemáticos na União Europeia. Os juros da nossa dívida pública atingiram níveis elevados. O crescimento da economia, por muita que seja a publicidade, mantém-se a níveis de caracol. As mudanças necessárias não saem do papel. O Governo apresenta mudanças de plano orçamental com a rapidez induzida por puxões de orelhas e os PEC de longo prazo mudam sempre para pior, com mais impostos e medidas irrelevantes quanto à despesa pública.
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Se no PEC 1 a política fiscal não era famosa, no PEC 2 a sua dimensão ainda piorou com aumentos no IRS, IRC, IVA e Imposto de Selo (este último um imposto que não se nota, mas que todos pagam). Assim, a solução, foi a de uma actuação de urgência utilizando o instrumento que está mais à mão, como de costume os impostos sobre todos os contribuintes.
Feitas as malfeitorias, um conjunto de ministros dedicou-se ao direito à indignação. Em primeiro lugar, porque não se podia cometer o sacrilégio de pedir aos portugueses para passar férias "cá dentro". Em segundo lugar, porque o comissário dos Assuntos Económicos e Monetários, o finlandês Olli Rehn, cometeu o "sacrilégio" de relembrar que Portugal tem de fazer reformas estruturais. Eu, que não abarco em nacionalismos sem sentido, sabendo que a actuação das instituições europeias deve ser discreta e não pública, não confundo a forma com a matéria. Logo, não vou na moda de enfiar a cabeça na areia. Portugal tem de fazer reformas estruturais, nomeadamente na flexibilização das relações de trabalho, tem de cortar a sério na despesa pública, tem de ser mais competitivo poupando nos custos laborais, e não pode assobiar para o ar. Isto não vai lá com as já anunciadas "mudanças ligeiras" nas leis de trabalho, pois a situação não está para ligeirezas, e o nacionalismo pode, por agora, ser canalizado para o Mundial de Futebol.